Numa quarta-feira de tensão para o governo, com o ministro da Educação convocado a se explicar na Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonarochega a Dallas, no Texas, para sua segunda visita aos Estados Unidos em dois meses. Com a viagem, o Brasil terá dois presidentes interinos em dois dias. Nesta quarta-feira, assume o vice, Hamilton Mourão. Amanhã, Mourão embarca para a China, e o país será comandado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Nas últimas semanas Maia se envolveu em uma série de discussões sobre os rumos da reforma da Previdência, com críticas da atuação de Bolsonaro e de seus aliados. Mourão, por sua vez, é um dos principais alvos do guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho.
Na primeira viagem aos EUA, Bolsonaro encontrou Donald Trump e comemorou articulações para a entrada do Brasil na OCDE, o clube de países ricos, que mais tarde se mostraram um tiro na água. Agora, chega ao Texas após ter cancelado participação num jantar em Nova York em que receberia o prêmio Personalidade do Ano, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Com oposição à visita até do prefeito da cidade, o democrata Bill de Blasio, Bolsonaro decidiu visitar um estado tradicionalmente republicado e conservador.
O jantar em Nova York, aconteceu ontem, e contou com a presença do presidente do senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Rodrigo Maia estava na cidade mas não foi ao evento, e voltou ainda ontem ao Brasil. Em Dallas, no Texas, Bolsonaro deve participar de um almoço em que será homenageado pelo World Affairs Councils of Dallas e encontrará ainda o ex-presidente George W. Bush.
Nos Estados Unidos, Bolsonaro deve ser questionado sobre as questões internacionais que têm se mostrado as mais relevantes da agenda de seu governo. A principal é o papel do Brasil na crise venezuelana. Nesta terça-feira, um novo tema veio à tona, com a declaração de seu filho Eduardo sobre armas nucleares. Eduardo, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, defendeu ontem que o Brasil tenha armas nucleares para “ser levado mais a sério”. Em nova viagem internacional, Bolsonaro tem a chance de fazer o país ser levado a sério na defesa de pautas historicamente caras à sua diplomacia, e não por reiteradas bombas — de fumaça — que vem pautando sua política internacional.
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