Economia
Com prejuízo de R$ 17 bilhões em 2024, ações da Petrobras despencam
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Na noite anterior — após o fechamento do mercado — a estatal havia divulgado perda de R$ 17 bilhões no quarto trimestre de 2024 e uma queda de 70% no lucro anual. A reação veio nesta quinta-feira (27), com recuo de 3,53% nas ações da companhia
O balanço negativo da Petrobras no último trimestre de 2024 impediu, nesta quinta-feira (27), um desempenho melhor da Bolsa brasileira. Com um prejuízo de R$ 17 bilhões no período, a estatal gerou ruídos negativos entre os investidores no dia seguinte à publicação do resultado. Diante disso, as ações preferenciais da empresa (PETR4) registraram uma queda de 3,53%, ao passo que as ordinárias (PETR3) fecharam em baixa de 5,56%.
Vale lembrar que os papéis, juntos, representam quase 15% no peso final do resultado do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa). Além do resultado trimestral, que revelou prejuízo, o balanço anual também veio abaixo do esperado.
Apesar de obter um lucro de R$ 36,6 bilhões no ano passado, foi o pior resultado da empresa desde 2020, ano em que houve o início da pandemia de covid-19. A Petrobras avalia que o resultado anual foi impactado pela adesão da empresa ao edital de contencioso tributário, em junho de 2024, que, apesar de reduzir o lucro, colocou fim a disputas judiciais da empresa.
No ambiente externo, a empresa avalia que a queda de 3% do preço do barril de petróleo Brent e a redução de 40% da diferença entre o preço médio do diesel no mercado mundial em relação ao do petróleo em relação ao ano anterior, foram fatores que causaram turbulência não apenas na companhia, mas em todo o mercado global.
Apesar disso, o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da petrolífera, Fernando Melgarejo, explica que o resultado também foi impactado pela variação cambial em dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior. “São operações financeiras entre empresas do mesmo grupo, que geram efeitos opostos que, ao final, se equilibram economicamente. Isso porque a variação cambial nessas transações entra no resultado líquido da holding no Brasil e impactou negativamente o lucro de 2024.
Ao mesmo tempo, houve impacto positivo direto no patrimônio”, explica. Diante disso, a Petrobras encerrou 2024 com o menor valor de caixa registrado desde 2019, em R$ 46,6 bilhões. A redução de R$ 28,6 bilhões, que equivale a 38% da soma total, vai na direção contrária ao aumento da dívida de curto prazo, que atingiu R$ 68,7 bilhões, representando um crescimento de R$ 13 bilhões, ou 23,3%, na comparação com o ano anterior, de acordo com um levantamento publicado pela Elos Ayta Consultoria.
Dividendos
“O resultado não veio a contento, a empresa ainda tem a promessa de distribuição de dividendo e juros sobre o capital próprio na ordem de R$ 73,9 bilhões, mas bem inferior do que aconteceu nos outros anos”, avalia o economista-chefe da Bluemetrix Asset, Renan Silva, que acrescenta: “Dessa forma, os investidores optaram por realizar lucros da Petrobras, nas ações, na valorização e nos ganhos de capital e diversificar as suas carteiras.”
Para o analista da Ouro Preto Investimentos Sidney Lima, o desempenho do Ibovespa, cuja alta foi de apenas 0,02%, foi contido pela queda significativa das ações da Petrobras, que lideraram as perdas do dia. “O resultado negativo da estatal foi atribuído à desvalorização cambial e ao aumento das provisões nas despesas operacionais, mas trouxe algumas preocupações pontuais”, destaca Lima.
A queda das ações da Petrobras poderia ter sido ainda maior, não fossem as declarações da presidente da estatal, Magda Chambriard, que ressaltou, em entrevista coletiva na sede da empresa, que o prejuízo não reflete o momento atual da empresa. “A Petrobras está absolutamente determinada a continuar gerando retornos à sociedade e aos acionistas. Continuaremos investindo em projetos rentáveis com disciplina de capital e inovação”, afirmou a executiva.
As maiores altas da bolsa brasileira ficaram por conta das ações da Embraer (EMBR3), que tiveram um bom resultado no balanço do quarto trimestre do ano passado, e subiram 12,12%. Os ativos da Petrorio (PRIO3) e da Ambev (ABEV3), que também foram destaque no dia, registraram alta de 5,3% e 5,61%, respectivamente. Já o dólar encerrou em alta pelo segundo dia consecutivo, desta vez, de 0,45%, cotado a R$ 5,82.
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