Comissão de Flávio ouvirá ex-auxiliar de Moraes no mesmo dia do julgamento de Bolsonaro

A Comissão de Segurança Pública do Senado aprovou nesta terça-feira, 26, o convite para que o perito criminal Eduardo Tagliaferro, antigo chefe da assessoria de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dependa sobre as operações do gabinete do ministro Alexandre de Moraes durante sua presidência no TSE.

Além de Tagliaferro, foram chamados os magistrados Marco Antônio Martins Vargas, ex-auxiliar de Moraes, e Airton Vieira, que atuou como ministro e colaborador próximo do ministro por seis anos. Também foi convidado o jornalista Michael Shellenberger, autor do relatório “Arquivos do 8 de Janeiro”, que expõe detalhes da força-tarefa judicial para as prisões em massa.

Esse relatório serviu de base para o convite dos antigos funcionários do gabinete de Moraes, reunindo mensagens vazadas entre Tagliaferro e Vieira e documentos que sugerem uma atuação direcionada do ministro contra apoiadores de Bolsonaro.

A audiência para ouvir os convidados está marcada para 2 de setembro, mesma data em que começa o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete envolvidos pela tentativa de golpe na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Tagliaferro encontra-se na Itália e deve participar da reunião da comissão, presidida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), via videoconferência. Recentemente, Moraes solicitou a extradição do perito.

Ao contrário da convocação, o convite para participar da comissão não é obrigatório, o que pode resultar na recusa por parte dos convidados. Nesse caso, pode ser solicitado um requerimento formal de convocação.

Tagliaferro tem se pronunciado nas redes sociais, com apoio de bolsonaristas, e ameaça revelar novos detalhes internos sobre o funcionamento do gabinete de Moraes.

O vazamento das conversas entre Tagliaferro e Vieira causou uma debandada na equipe do magistrado, que permanece desfalcada oito meses após o início das mudanças.

Essas saídas reduziram de quatro para apenas um o número de juízes auxiliares que apoiam Moraes na gestão de seus mais de 2,7 mil processos em um período de três meses.