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Como major da PM manipulou sistema e apagou vídeo de caso com morte

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Para eliminar o vídeo registrado pela câmera corporal de um soldado envolvido em um caso de homicídio, a major Adriana Leandro de Araújo da Polícia Militar teria realizado diversas alterações no arquivo por meio do sistema da corporação, conforme registros obtidos.

Dados extraídos da plataforma Evidence indicam que antes da exclusão, o vídeo teve a data modificada e foi associado a um usuário anônimo.

O homicídio ocorreu na tarde de 9 de março de 2024, no Morro do José Menino, em Santos, durante a Operação Verão. Joselito dos Santos Vieira, 47 anos, foi morto com múltiplos disparos durante um confronto com policiais militares. Familiares contestaram a versão oficial, afirmando que Joselito não estava armado. O caso foi arquivado em junho de 2024.

O vídeo foi registrado pela bodycam do soldado Thiago da Costa Rodrigues. Nos inquéritos civil e militar, não há evidências de que o policial tenha disparado armas, embora estivesse na viatura com colegas envolvidos no homicídio.

O arquivo foi inserido no sistema Evidence às 5h17 do dia 10 de março de 2024. Em 18 de março, a major Adriana acessou o arquivo e alterou o nome do policial, atribuindo o vídeo a um usuário anônimo cadastrado com e-mail externo ao domínio da PM.

Na mesma data, ela mudou a data da ocorrência para 5 de janeiro de 2024 e renomeou a ocorrência no sistema para siglas que dificultam sua localização.

Essas manipulações tornam difícil encontrar o vídeo por pesquisas simples, uma vez que ele não possui código de identificação fixo.

No dia seguinte, 19 de março, a major Adriana novamente acessou o arquivo e o excluiu definitivamente.

As operações realizadas constam em auditoria interna da Axon datada de 26 de abril de 2024.

A Secretaria de Segurança Pública informou que o caso está sob investigação em uma sindicância da Polícia Militar.

Sobre os policiais no momento da ocorrência: o soldado Thiago da Costa Rodrigues estava na viatura com a subtenente Regiane Ribeiro De Souza, o soldado Bruno Pereira dos Santos e o cabo Felipe Alvaram Pinto, todos envolvidos nos disparos; o cabo Bruno de Oliveira Silva estava em viatura de apoio.

Coronel Gentil Epaminondas Carvalho estava em viatura descaracterizada para coordenar as operações.

Equipes foram acionadas após outro policial ter sido baleado na região. Joselito dos Santos Vieira foi morto na rua Pedro Borges Gonçalves às 16h40, segundo a polícia, após supostamente atirar contra policiais.

O laudo necroscópico revelou 12 disparos no corpo, contrariando a quantidade mencionada pelos policiais e pelo inquérito.

O sistema utilizado apresenta vulnerabilidades que permitem fraudes, de acordo com o ex-PM e especialista em provas digitais Bruno Dias.

A SSP afirmou que mantém compromisso com a legalidade e transparência, e que quaisquer irregularidades serão rigorosamente apuradas e punidas.

A reportagem tentou contato com os envolvidos, mas não obteve retorno até a publicação.

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