Como medir a fome no Brasil: critérios simples para insegurança alimentar

O IBGE publicou recentemente uma pesquisa sobre a segurança alimentar no Brasil, baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC). O estudo utiliza a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) para classificar as residências em quatro categorias: segurança alimentar, insegurança alimentar leve, moderada e grave.

A Ebia é um método criado nos anos 2000, inspirado em um modelo americano, ajustado para a realidade brasileira. São feitas 14 perguntas referentes à situação alimentar no domicílio nos 90 dias anteriores à entrevista. A insegurança alimentar grave ocorre quando há falta de comida para as crianças na casa.

Definições da Ebia:

• Segurança alimentar: A família tem acesso constante a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem prejudicar outras necessidades básicas.
• Insegurança alimentar leve: Há preocupação ou dúvida sobre o acesso futuro a alimentos; a qualidade nutricional pode ser afetada para garantir a quantidade.
• Insegurança alimentar moderada: Redução na quantidade de alimentos consumidos pelos adultos, alterando seus padrões alimentares devido à falta de comida.
• Insegurança alimentar grave: Falta de alimentos inclusive para as crianças, causando rupturas graves na alimentação de todos da casa, fazendo da fome uma realidade vivida.

Já a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulga anualmente o Mapa da Fome, utilizando a Escala de Experiência de Insegurança Alimentar (FIES). Essa escala se apoia em oito perguntas que avaliam insegurança alimentar em vários países, como preocupações com comida, alteração na dieta, pular refeições ou passar um dia inteiro sem comer.

Classificações da FAO:

• Insegurança alimentar moderada: Pessoas sem certeza sobre conseguir alimentos, que precisaram reduzir qualidade e quantidade ou pular refeições.
• Insegurança alimentar grave: Pessoas ficaram sem comida, enfrentando fome severa por um ou mais dias.
• Prevalência de subalimentação: Considera o consumo médio calórico necessário para o bem-estar da pessoa.

Diferente da Ebia, a FAO não classifica a insegurança alimentar leve, por isso seus dados não são diretamente comparáveis com os do IBGE.