Economia
Compras de Natal de última hora crescem, mas consumidores estão atentos
A véspera do Natal traz grande movimentação ao comércio, com pessoas buscando os presentes finais e os itens necessários para a ceia. Com o país em situação de pleno emprego e o dólar mais favorável em comparação ao ano anterior, os brasileiros conseguem gastar um pouco mais nas compras natalinas. Entretanto, a cautela permanece devido aos altos juros e ao crescimento do endividamento. Para este Natal, o comércio prevê um aumento de 2,1% nas vendas se comparado a 2024.
A aposentada Celma Borges, de 62 anos, usou a manhã de quarta-feira para adquirir os últimos presentes no Polo Saara, um conhecido centro comercial popular no Rio. Embora tenha investido um pouco mais neste ano, ela manteve a tradição de comprar lembrancinhas. No total, presenteia seus filhos, o marido e os sete netos.
“Em relação ao ano anterior, consegui investir um pouco mais nas lembrancinhas. Os preços estão mais acessíveis”, conta.
A técnica em saúde bucal Joice Batista, de 43 anos, juntamente com a família, optou por encomendar pijamas para vestir todos combinando na noite de Natal. Ela foi ao Saara retirar as encomendas e comprar calçados para a celebração. Os presentes foram adquiridos na terça-feira e ela estima ter gasto cerca de R$ 500.
“Comprei ontem os presentes. Acho que este ano foi possível gastar mais, reservei cerca de R$ 500 para isso”, relatou, exibindo a roupa personalizada da família.
Melhor Natal para o comércio desde 2014
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta que as vendas natalinas alcançarão R$ 72,71 bilhões, um aumento de 2,1% em relação a 2024. Caso isso se confirme, será o melhor Natal para o varejo desde 2014, quando movimentou R$ 77,26 bilhões. Nos shoppings, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) espera um crescimento de 1% no fluxo de visitantes e elevação de 5% nas vendas em comparação com o ano anterior.
No Shopping Nova América, entre os dias 10 e 24 de dezembro, mais de um milhão de pessoas passaram pelo local, com maior movimento até o dia 23. A expectativa de aumento é de 7% na primeira semana de dezembro e de 24% em relação à média diária de novembro.
No Shopping Leblon, a previsão para a véspera de Natal era receber mais de 30 mil visitantes, mesmo com o horário reduzido. De 19 a 23 de dezembro, mais de 200 mil pessoas frequentaram o local.
“Sem dúvida, o balanço do Natal 2025 é positivo, com aumento no fluxo de clientes e no volume de vendas em relação a 2024”, afirma Rodrigo Lovatti, Superintendente do Shopping Leblon.
Na Sapatella do Saara, o movimento dos últimos dias foi intenso, conforme a gerente Nathalia Caetano. Em dias normais, o faturamento diário fica entre R$ 7 mil e R$ 10 mil, mas dobrou durante o Natal.
Consumidor permanece cauteloso
Apesar do otimismo, os consumidores mantêm a cautela. Dados da Serasa indicam que o total de inadimplentes ultrapassou 80 milhões em novembro. Além disso, a taxa básica de juros, a Selic, está em 15%, o que influencia o comportamento dos compradores, segundo o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes.
“Os consumidores estão mais cuidadosos devido aos juros elevados. Este Natal deve mostrar aumento nas vendas de alimentos e roupas, especialmente lembrancinhas, além do maior consumo de produtos importados”, diz.
Na Região Metropolitana do Rio, uma pesquisa do IFec RJ, vinculado à Fecomércio-RJ e realizada no fim de novembro, indica que 62,1% das 921 pessoas entrevistadas pretendem presentear alguém, um pouco acima dos 61% do ano anterior. Porém, o gasto médio por consumidor caiu de R$ 312, em 2024, para R$ 293 neste ano, devido, em parte, à antecipação das compras na Black Friday.
No Cadeg, a gerente da Empório Gourmet, Verônica Baptista, percebeu que, embora o ticket médio tenha caído, o volume de vendas aumentou. Os clientes estão mais atentos aos preços, por isso a loja intensificou o clube de vantagens e as promoções.
“As vendas aumentaram em comparação ao ano passado. Foi preciso reforçar a quantidade de cestas e ampliar a equipe”, conta.
Para manter a tradição da torta de bacalhau, a gerente de oficina Rafaela Fortunato, 39, e o marido, Leonardo Fortunato, também de 39 anos, foram ao Cadeg comprar lascas de bacalhau. Segundo o casal, o planejamento financeiro ajuda a administrar os custos da época.
“Os preços estão quase iguais aos do ano passado. Sempre nos preparamos para essa época, normalmente antecipamos algumas compras, mas este ano a rotina atrapalhou”, comenta Rafaela.
A designer Thais Sobrinho, de 30 anos, e sua mãe, Tânia Sobrinho, 64 anos, deixaram para comprar flores e frutas para a ceia no dia 24.
“Viemos comprar flores e aproveitamos para levar frutas. Este ano está mais fácil organizar a ceia, não foi necessário reduzir as porções”, afirma Tânia.


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