Concorrência maior pode aumentar PIB na América Latina e Caribe em 11%

Estimular mais competição em todos os setores econômicos poderia elevar o Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina e do Caribe em 11% e diminuir a desigualdade em 6%, conforme estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgado nesta quinta-feira (11).

Matías Busso, economista-chefe do BID, afirmou em videoconferência com jornalistas que “nossa região apresenta mercados bem concentrados, cerca de quatro vezes mais que em economias avançadas”.

Ele complementou que “os consumidores enfrentam preços cerca de 15% superiores aos praticados nos países desenvolvidos”.

Matías Busso ainda explicou que “os trabalhadores recebem 50 centavos para cada dólar que geram em suas empresas, enquanto em economias avançadas esse valor é de 80 centavos”.

O estudo intitulado “Mercados e desenvolvimento: Como a concorrência pode melhorar vidas” foi elaborado ao longo de dois anos e meio, com o BID analisando dados da região de forma inovadora para comparações, explicou Busso, editor do relatório.

Ilan Goldfajn, presidente do Grupo BID, frisou que “quando a concorrência funciona, o setor privado pode desempenhar suas melhores funções: gerar empregos, estimular a inovação e entregar resultados melhores para trabalhadores e consumidores”.

Segundo os autores do estudo, “aumentar a concorrência leva as empresas a produzir mais, empregar mais pessoas e aumentar seus investimentos”.

Além disso, “também incentiva a formalização do trabalho, ou seja, a transição do emprego informal para contratos com direitos trabalhistas e sociais completos”.

Nas últimas décadas, a região avançou na liberalização econômica e abertura de mercados, ressaltou o economista do BID, destacando que agora é fundamental aprofundar a concorrência em todos os níveis.

Um caso de sucesso citado foi a desregulamentação do mercado de telefonia móvel.

Matías Busso comentou que “há 25 anos, o número de telefone celular pertencia à empresa fornecedora dos serviços. Com o tempo, foram aprovadas regras que facilitaram a portabilidade numérica, tornando muito mais simples trocar de operadora”.

O relatório esclarece que o domínio de mercado ao longo da cadeia de suprimentos pode gerar obstáculos e permitir que grandes intermediários paguem menos aos produtores nas etapas iniciais da cadeia do que pagariam em um ambiente mais competitivo.