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Conflito na fronteira entre Tailândia e Camboja causa 10 mortes

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Apesar dos pedidos globais por calma, os embates continuaram nesta terça-feira (9) na linha divisória entre a Tailândia e o Camboja, com o número de fatalidades atingindo 10 e quase 150 mil pessoas deslocadas.

Os dois países do sudeste asiático acusam-se mutuamente sobre quem iniciou os confrontos à noite no domingo, menos de dois meses após um acordo de cessar-fogo mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O Exército tailandês realizou ataques na província fronteiriça de Banteay Meanchey nesta terça-feira, resultando na morte de dois civis que transitavam pela Rodovia Nacional 56, conforme informou o Ministério da Defesa do Camboja em sua página no Facebook.

A porta-voz do Ministério, Maly Socheata, afirmou posteriormente que até a manhã de terça, sete civis cambojanos haviam perdido a vida e 20 estavam feridos em decorrência dos ataques tailandeses.

Horas depois, o Exército tailandês informou a morte de dois soldados seus, além de um soldado falecido no dia anterior.

Até então, o Camboja afirmava não ter retaliado os ataques da Tailândia, que na segunda-feira incluíram bombardeios aéreos e o envio de tanques às áreas fronteiriças.

No entanto, o ex-primeiro-ministro cambojano de destaque, Hun Sen, anunciou nesta terça-feira que o país respondeu aos ataques após aguardar pacientemente pelo cessar-fogo por mais de 24 horas e garantir a segurança da população.

“Nossas tropas devem combater em todas as regiões onde o inimigo atacar”, postou o ex-líder em sua página no Facebook.

A União Europeia solicitou na segunda-feira que os dois países adotem extrema cautela, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou para que renovem o compromisso com o cessar-fogo alcançado no início do ano, conforme comunicado de seu porta-voz.

Os Estados Unidos aconselharam seus cidadãos a evitarem viagens num raio de 50 quilômetros da linha divisória entre Tailândia e Camboja.

“A Tailândia deve apoiar firmemente aqueles que defendem nossa soberania. Não podemos recuar agora”, declarou o primeiro-ministro Anutin Charnvirakul nesta terça-feira, sem mostrar sinais de recuo.

Mais de 140 mil deslocados

A disputa entre as duas nações está enraizada em um desacordo de longa data sobre as fronteiras estabelecidas durante o período colonial francês na região. Ambas reivindicam soberania sobre diversos templos históricos na área fronteiriça.

Em julho, cinco dias de combates deixaram 43 mortos e cerca de 300 mil deslocados antes da implementação de um cessar-fogo.

O cessar-fogo foi formalizado em outubro por um acordo mediado pelo presidente norte-americano Donald Trump, porém a Tailândia suspendeu o acordo semanas depois, após a explosão de uma mina que feriu soldados.

Nesta nova onda de conflitos, milhares de pessoas fugiram novamente das áreas fronteiriças: aproximadamente 125 mil do lado tailandês e mais de 21 mil do lado cambojano, segundo autoridades.

Poan Hay, cambojana de 55 anos, evacuou sua residência rapidamente com sua família, incluindo três crianças pequenas, ao ouvir os disparos.

“Esta é a quarta vez que preciso fugir”, afirmou ela à AFP numa pagoda na província de Siem Reap. “Não sei quando poderei retornar. Tenho dormido pouco nos últimos cinco meses devido à preocupação com nossa segurança.”

Na província tailandesa de Surin, Sutida Pusa, que gerencia um pequeno mercado, hesitou antes de deixar seu vilarejo, localizado a cerca de 20 quilômetros da linha divisória.

“Primeiramente, quis ver a situação com meus próprios olhos, pois os combates não estão tão intensos como em julho”, relatou à AFP a mulher de 30 anos. “Nem sempre confiamos nas informações recebidas.”

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