A espaçonave da Blue Origin, lançada pelo foguete New Shepard, em junho de 2016. Em 2017 estão previstos testes para que a cápsula transporte astronautas ao espaço. (Blue Origin/Divulgação)
Em 2017, os principais lançamentos de voos espaciais serão de empresas particulares. SpaceX, Blue Origin e Boeing vão estrear suas cápsulas tripuladas, em viagens que marcam uma mudança radical para a exploração espacial. Será a primeira vez na história em que o transporte de astronautas, até então responsabilidade de agências governamentais, como a Nasa, serão entregues ao setor privado. Se os voos forem bem sucedidos, eles vão inaugurar uma nova era espacial, em que empresas farão as missões mais curtas e menos arriscadas (ao menos do ponto de vista científico) enquanto as agências ficarão com as viagens de longo prazo e mais audaciosas, como o voo a Marte.
“Essas experiências serão um divisor de águas na forma como vamos encarar as viagens daqui em diante. Estamos falando de iniciativas privadas que tentam provar seus modelos de negócio e capacitarem suas tecnologias para servirem de base para toda a próxima década”, explica o engenheiro espacial Lucas Fonseca, da missão Garatéa, a primeira viagem espacial brasileira à Lua.
Além da participação comercial efetiva na conquista do espaço, uma importante missão da Nasa será lançada no próximo ano. O Transiting Exoplanet Survey Satellite (Tess), que vai monitorar planetas ao redor de estrelas anãs, pretende fazer um estudo preliminar desses planetas – possíveis alvos para o telescópio James Webb, que será lançado em 2018 com a missão de examinar a atmosfera desses planetas e descobrir se ela contém substâncias que só poderiam ser geradas por organismos vivos, como os seis elementos essenciais à vida (carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre). Se existir, em algum lugar do universo, uma Terra 2.0, o Tess irá ajudar os astrônomos a encontrá-la.
“O ano de 2017 será muito favorável às missões espaciais. Para lançarmos ao espaço equipamentos tão complexos como um foguete ou uma nave tripulada, precisamos desenvolver sofisticadas tecnologias que, no futuro, serão adaptadas e utilizadas na vida cotidiana. Este é um dos aspectos mais importantes da exploração espacial e 2017 será especialmente movimentado nesse sentido”, explica Rundsthen Vasques de Nader, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e astrônomo do Observatório do Valongo, na UFRJ.
Confira abaixo os principais lançamentos e viagens espaciais de 2017:
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1. Cápsula Dragon, da SpaceX
(SpaceX/Divulgação)
Desenvolvida pela SpaceX, empresa do sul-africano Elon Musk, a Dragon foi a primeira cápsula construída por uma empresa privada capaz de transportar carga para a Estação Espacial Internacional (ISS). Desde 2012, ela leva experimentos e mantimentos aos astronautas que estão na estação que orbita a Terra. Contudo, segundo a SpaceX, a cápsula foi inicialmente desenvolvida para levar astronautas até a ISS e está sendo aperfeiçoada para fazer seus primeiros voos tripulados. A Dragon é uma aeronave de 7,2 metros de altura, 3,7 metros de diâmetro e 6 toneladas, equipada com propulsores e capaz de transportar até sete astronautas. De acordo com a previsão da empresa, os testes que estavam programados para 2016 devem acontecer até maio de 2017.
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2. Espaçonave Blue Origin
(Blue Origin/Divulgação)
A empresa do bilionário Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, foi a primeira a fazer, em novembro de 2015, o voo bem sucedido do New Shepard, um foguete reutilizável. Desde então, a empresa vem realizado, sem muito estardalhaço, testes e melhorias em sua cápsula que levará astronautas – e turistas – ao espaço. Bezos espera que os primeiros testes da aeronave sejam feitas ao longo de 2017 e as primeiras viagens turísticas, no ano seguinte. Em outubro de 2016, a empresa testou com sucesso um sistema de emergência capaz de salvar tripulantes se o foguete tiver problemas, o que revela que os testes estão em estágio bastante avançado.
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O Transiting Exoplanet Survey Satellite (Tess) foi desenvolvido pela Nasa em parceria com as maiores instituições de pesquisa astronômica do mundo com a proposta de ser um “caçador de planetas”. Com lançamento previsto para dezembro de 2017, ele vai identificar planetas orbitando estrelas que tenham tamanho entre a Terra e Júpiter. A principal meta da missão é detectar esses corpos celestes localizados na vizinhança do sistema solar e fazer um estudo preliminar sobre eles, analisando seu tamanho, massa, densidade. Durante dois anos, o satélite deve monitorar mais de 200.000 estrelas e espera catalogar mais de 1.500 exoplanetas (planetas fora do sistema solar). Os dados da missão serão utilizados para que o telescópio James Webb, que será lançado em 2018 para substituir o Hubble, escolha possíveis alvos para suas análises. O futuro telescópio deve analisar a atmosfera dos planetas escolhidos para descobrir se ela contém substâncias que só poderiam ser geradas por organismos vivos, como os seis elementos essenciais à vida (carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre).
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5. Nave CST-100 Starliner, da Boeing
(Boeing/Divulgação)
A Boeing, empresa que, junto com a SpaceX, assinou um contrato de 6,8 bilhões de dólares para fazer testes de cápsulas tripuladas capazes de chegar à Estação Espacial Internacional (ISS), tem testes previstos ao longo de 2017. Durante o ano, a empresa deve aprimorar a tecnologia da CST-100 Starliner, que está preparada acomodar até sete astronautas e pode ser adaptada para transportar carga e passageiros. Segundo a Boeing, o voo inaugural da cápsula, reutilizável, deve acontecer entre o fim de 2017 e o início de 2018.
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