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Consumidores criticam cobrança de até 10 centavos por nova sacolinha

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O primeiro dia da nova “lei das sacolinhas” em São Paulo foi marcado por reclamações de consumidores que, na maioria dos casos, agora precisa pagar pelas novas embalagens biodegradáveis. O repasse do custo é opção de algumas redes na cidade e não é uma determinação da legislação.

A proibição das sacolinhas plásticas comuns foi sancionada em 2011 e somente foi regulamentada em 7 de janeiro e passou a valer neste domingo. Os novos modelos devem ser utilizados na destinação de lixo reciclável e orgânico.

Com a nova regra, os supermercados só podem oferecer as sacolinhas em modelos padronizados: nas cores verde e cinza, mais resistentes e com parte feita de material renovável.

Pão de Açúcar, Extra, Futurama, Carrefour e Bergamini confirmaram que as lojas localizadas na cidade de São Paulo vão cobrar pelas embalagens.

A maioria das grandes redes da capital está cobrando entre R$ 0,08 e R$ 0,10 por cada embalagem fornecida ao consumidor. Os supermercados alegam que, antes da mudança, o custo por unidade era de R$ 0,04.

As redes Mambo e Záffari vão distribuir as sacolinhas gratuitamente em suas lojas.

“Eu acho que não tinha necessidade de cobrar, porque o mercado já ganha tanto”, reclama a empresária Maria Luiza Ferrara, de 54 anos.

Ela, que é proprietária de uma rotisseria, conta que fornece sacolas biodegradáveis em seu estabelecimento há 3 anos e não cobra o valor dos clientes.

A copeira Alexandra Oliveira, de 31 anos, concorda com a troca das embalagens devido aos benefícios ao meio ambiente, mas condena o repasse do custo.

“A cobrança é um absurdo. Do jeito que as coisas andam caras e a gente tem que pagar pelo custo da sacola. Eu não acho justo”, afirmou ela, que levou sacolas retornáveis de casa.

Seu marido, o caseiro Roberto de Oliveira, de 34 anos, acredita que já paga pelo valor da embalagem. “É bacana porque não polui tanto, mas sobre a cobrança acho que não é merecido. A gente já paga muito imposto e quando a gente compra o produto o custo da sacolinha já está embutido”, disse.

A dona de casa Lara Matos, de 45 anos, compartilha da mesma opinião. “Já tá embutido no preço do supermercado, é tudo para roubar a gente”, reclamou.

Alguns consumidores foram surpreendidos com a mudança. É o caso do carpinteiro Manoel Ferreira, de 62 anos. “Fazer o quê?”, questionou ele, ao ser informado que teria que pagar R$ 0,20 para conseguir carregar suas compras.

Para a pedagoga Fabiana Lomba, de 22 anos, a cobrança não terá um grande impacto no orçamento. “Dependendo da compra acho que não faz tanta diferença e a maioria das pessoas tem aquela sacola retornável. Eu já vou deixar a minha no carro pra não ter que pagar nas próximas compras”, disse.

Na tentativa de amenizar o impacto negativo, alguns supermercados, como o Pão de Açúcar do Sumaré, que distribuía sacolas biodegradáveis gratuitamente neste domingo, decidiu adiar para a próxima segunda-feira (6) a cobrança dos consumidores. A rede Carrefour também está fornecendo as embalagens grátis neste domingo.

Caixas de papelão
Alguns consumidores adotaram medidas alternativas, como o uso de caixas de papelão, carrinhos de feira ou sacolas retornáveis.

Outras redes, como o Mambo e Záffari, não irão cobrar pela embalagem. “Eu acho que se for de graça vale a pena. É um benefício que o supermercado tem que dar, eu estou comprando e tenho que carregar. Se eu não tiver como carregar não compro”, disse o superintendente de shopping Ricardo Leça, de 52 anos.

Leça acomodava sua compra em caixas de papelão e decidiu pegar as novas sacolinhas após ser informado pela reportagem que eram fornecidas pelo estabelecimento.

Mesmo recebendo a sacola de graça, a juíza Fátima Coifman, de 63 anos, prefere levar sua embalagem de casa.

“Acho que temos que trazer sacolas ou essas caixinhas de plástico como que eu trago”. Ela diz que não terá dificuldade para se adaptar, já que faz a coleta seletiva há mais de dez anos.

Sacolinhas
Pelas novas determinações, as sacolinhas derivadas de petróleo devem ser trocadas por modelos padronizados: nas cores verde e cinza, mais resistentes e com parte feita de material renovável.

As sacolas verdes devem ser usadas para descartar o lixo reciclável e as cinzas, para resíduos orgânicos e rejeitos. Tanto o comércio pode ser multado por não distribuir as sacolas corretas quanto o consumidor pode ser penalizado caso não faça a reutilização adequadas.

As multas mais altas são para o comércio: vão de R$ 500 a R$ 2 milhões. O valor será definido de acordo com a gravidade e o impacto do dano provocado ao meio ambiente. Já o cidadão que não cumprir a regra poderá receber advertências e multa de R$ 50 a R$ 500.

Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), o objetivo da lei não é multar. “Nossa intenção não é criar uma indústria de multa, não é esse o objetivo, nós sabemos que é uma mudança cultural que vai exigir um tempo”, explicou.

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