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Coronavírus: avanço de casos em regiões de média e baixa renda é 6 vezes maior que em áreas nobres do DF

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Comparando dados entre 11 de abril e 11 de maio. Nos dois grupos mais pobres, número saltou 1.264%. Nas regiões de alta renda, alta foi de 185%.

Samambaia, região do grupo de média-baixa renda do DF, concentra 3ª maior número de infectados pelo coronavírus — Foto: TV Globo/Reprodução

Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) apontam que os casos de coronavírus nas regiões de menor renda da capital do país cresceram de 51 para 696 em 30 dias – uma alta de 1.264%. O percentual do avanço da doença nesses locais é seis vezes maior que nas áreas mais ricas de Brasília, onde o total passou de 166 para 337 neste período, ou seja, 185%.

O G1 analisou a trajetória dos registros de coronavírus utilizando boletins da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que detalha a região de residência dos infectados. A comparação foi entre os números divulgados na noite de segunda-feira (11), e os registros de 11 de abril.

Em um mês, as confirmações de Covid-19, doença causada pelo coronavírus, saltaram de 592 casos para 2,8 mil.

Avanço do coronavírus nas regiões do DF
Registros de 11 de abril a 11 de março, por grupo de renda
Baixa rendaMédia-baixa rendaMédia-altaAlta renda11 de abril11 de maio0200400600800

11 de abril
● Média-alta: 186
Fonte: Secretaria de Saúde do DF

Segundo especialista ouvido pela reportagem, a maioria dos casos registrados em áreas nobres ocorre devido às características do início da pandemia – de casos importados do exterior – além “do acesso aos testes” (saiba mais abaixo).

Os grupos de renda foram separados com base na mais recente Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), de 2018, realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal:

  • Renda alta
    Média domiciliar de R$ 15.622
    De 308 casos para 651casos (+ 111%)
  1. Plano Piloto
  2. Jardim Botânico
  3. Lago Norte
  4. Lago Sul
  5. Park Way Sudoeste/Octogonal
  • Renda média-alta
    Média domiciliar de R$ 7.266
    De 186 casos para 757 casos (+ 307%)
  1. Águas Claras
  2. Candangolândia
  3. Cruzeiro
  4. Gama
  5. Guará
  6. Núcleo
  7. Bandeirante
  8. Sobradinho
  9. Sobradinho II
  10. Taguatinga
  11. Vicente Pires
  • Renda média-baixa
    Renda domiciliar média de R$ 3.101
    De 46 casos para 585 casos (+ 1.171%)
  1. Brazlândia
  2. Ceilândia
  3. Planaltina
  4. Riacho Fundo
  5. Riacho Fundo II
  6. SIA
  7. Samambaia
  8. Santa Maria
  9. São Sebastião
  • Renda baixa
    De 5 casos para 111 casos (+ 2.120%)
    Renda domiciliar média de R$ 2.472
  1. Fercal
  2. Itapoã
  3. Paranoá
  4. Recanto das Emas
  5. SCIA–Estrutural
  6. Varjão

Ranking por região

Fila de moradores de Samambaia Norte, no DF, na fila de loteria na região — Foto: TV Globo/Reprodução

Fila de moradores de Samambaia Norte, no DF, na fila de loteria na região — Foto: TV Globo/Reprodução

No dia 11 de abril, as regiões de alta e média renda ocupavam os nove primeiros lugares no ranking de regiões com maior número de casos de coronavírus no Distrito Federal. Um mês depois, três regiões dos dois grupos mais pobres do DF ocupavam 3º, 6º e 9º posição. Veja abaixo:

Casos de coronavírus no DF entre 11 de abril e 11 de maio

12 de abril 12 de maio
REGIÃO CASOS REGIÃO CASOS
1º – Plano Piloto 166 1º Plano Piloto 337
2º Águas Claras 64 2º Águas Claras 223
3º Lago Sul 62 3º Samambaia 139
4º Sudoeste 40 4º Guará 131
5º Guará 36 5º Taguatinga 129
6º Vicente Pires 21 6º Ceilândia 128
7º Taguatinga, Lago Norte, Gama 19 cada 7º Lago Sul 118
8º Samambaia e Ceilândia 16 cada 8º Gama 95
9º Jardim Botânico 13 9º Planaltina 89
10º Sobradinho I 12 10º Sudoeste 74
11º Cruzeiro e Park Way 8 cada 11º São Sebastião 69
12º Santa Maria 7 12º Santa Maria 68
13º Núcleo Bandeirante 6 13º Sobradinho I 65
14º São Sebastião 4 14º Jardim Botânico 50
15º Planaltina e Paranoá 2 cada 15º Vicente Pires 48
16º Recanto das Emas, Itapoã, 1 cada 16º Riacho Fundo I 46
Varjão, Riacho Fundo I e 17º Recanto das Emas 42
Sobradinho II 18º Lago Norte 41
19º Park Way 31
20º Brazlândia 28
21º Scia (Estrutural) e Paranoá 27 cada
23º Cruzeiro 26
24º Núcleo Bandeirante 20
25º Riacho Fundo II 16
26º Itapoã 12
27º Candangolândia 11
28º Sobradinho 7
29º Varjão e SIA 2 cada
30º

Fonte: SES-DF

Mortes

Entre as mortes, o grupo de média-baixa renda lideram o ranking. Entre 11 de abril e 11 de maio foram 19 óbitos:

  • Ceilândia (inclui Sol Nascente): 7 mortes
  • Samambaia: 4 mortes
  • Riacho Fundo I: 3 mortes
  • Santa Maria: 3 mortes
  • Planaltina: 1 morte
  • São Sebastião: 1 morte

No grupo de renda média-alta foram 16 mortes no mesmo período:

  • Águas Claras: 5 mortes
  • Guará: 4 mortes
  • Gama: 4 mortes
  • Taguatinga: 2 mortes
  • Núcleo Bandeirante: 1 morte

Entre as regiões consideradas de alta renda, foram cinco mortes entre 11 de abril e 11 de maio:

  • Jardim Botânico: 2 mortes
  • Plano Piloto: 1 morte
  • Sudoeste/Octogonal: 1 morte
  • Lago Sul:1morte

Nas regiões de baixa renda, foram três mortes no mesmo período:

  • Recanto das Emas: 2 mortes
  • Scia (Estrutural): 1morte

Testagem

Teste coronavírus no DF.  — Foto:  Leopoldo Silva/Agência Senado

Teste coronavírus no DF. — Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

O diretor científico da Sociedade de Infectologistas do DF José David Urbaéz, explicou ao G1 que os dados de coronavírus nas regiões de maior renda envolvem “o acesso a testes”. Segundo ele, quanto maior a renda, maior a facilidade de realizar a testagem.

“Aqui no DF, ainda tem a questão do teste em drive-thru, o que pressupõe poder aquisitivo. Essa população também tem mais acesso à testagem na rede privada”.

No Distrito Federal, a testagem em massa foi iniciada no dia 21 de abril, priorizando as regiões do Plano Piloto e Águas Claras. Nas semanas seguintes, houve a ampliação para regiões do grupo de média-baixa renda como Ceilândia, Planaltina e Gama.

Para o infectologista, o cenário influencia o resultado dos registros. “Nas regiões de baixa renda há questões da estrutura da casa em isolamento, que pode não ser adequada. Eles [os moradores] não conseguem ficar sem trabalhar. A propagação, neste caso, é mais expressiva”, explica.

O especialista ressalta ainda que a notificação dos casos da Covid-19 é diferente das demais doenças transmissíveis. “Quando se trata de Covid-19, estamos falando de casos confirmados, de pessoas que tiveram manifestação clínica moderada a grave. Assintomáticos, por exemplo, estão de fora”.

“O número de infectados certamente é maior que o de registros.”

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