Economia
Correios buscam levantar R$ 850 milhões com venda de imóveis não usados
Enfrentando dificuldades financeiras, os Correios firmaram um pré-acordo para transferir cerca de 400 imóveis que não estão sendo utilizados para a Empresa Gestora de Ativos (Emgea). Essa ação ocorre em paralelo às negociações da estatal para obter um empréstimo de R$ 10 bilhões junto a instituições financeiras, visando arrecadar cerca de R$ 850 milhões ainda neste ano.
A empresa também está em tratativas com a Caixa Econômica Federal para reestruturar um fundo de investimento imobiliário que inclui imóveis em uso, o que pode gerar mais R$ 2 bilhões, embora essa negociação possa levar até um ano para ser concluída. No entanto, os Correios precisam de recursos financeiros de forma mais imediata para equilibrar suas finanças e restaurar sua capacidade operacional, num contexto delicado que pode se agravar.
Em nota, a estatal destacou que seu plano de reestruturação envolve um “programa de desinvestimento de ativos sem uso eficiente”. Nesse sentido, os imóveis estão sendo avaliados para definição de seus valores de mercado e para confirmar sua viabilidade em compor um eventual fundo imobiliário ou outras formas de alienação. A Emgea, por sua vez, preferiu não comentar sobre o assunto.
A expectativa é que a colaboração com a Emgea, que é uma empresa pública especializada na recuperação de ativos, avance de maneira mais ágil. Ambas as instituições estão analisando a melhor estratégia para acelerar a venda dos imóveis, devido à urgência de reforço financeiro dos Correios.
O fundo de investimento imobiliário em negociação funciona como um mecanismo onde os imóveis são vendidos, trazendo capital imediato para o caixa, e posteriormente alugados de volta pelo próprio vendedor, conhecido no mercado como “sale & leaseback”. A Caixa está no estágio inicial de análise detalhada da carteira de imóveis dos Correios.
De acordo com dados da empresa, sua carteira imobiliária é composta por 1.366 imóveis, dos quais 286 estão vazios. Destes imóveis desocupados, 62 estão disponíveis para venda ou já estão em processo de venda, enquanto os demais passam por regularização documental.
A Emgea foi criada durante a reestruturação da Caixa Econômica Federal no final do governo de Fernando Henrique Cardoso e assumiu contratos imobiliários de difícil cobrança do banco.
A gestão dos Correios precisa levantar pelo menos R$ 10 bilhões para colocar as contas da estatal em ordem, valor que garantiria a operação da empresa até março de 2026, considerando seu déficit mensal atual de R$ 750 milhões.
O plano de recuperação financeira totaliza R$ 20 bilhões e envolve medidas como o desligamento de 10 mil funcionários via programa de demissão voluntária (PDV) e o fechamento de 700 pontos de atendimento, entre outras ações.

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