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Economia

Correios enfrentam prejuízo de R$ 23 bilhões em 2026 sem reestruturação

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Os Correios podem acumular um prejuízo de até R$ 23 bilhões em 2026 caso não avancem no seu plano de reestruturação, conforme estimativas internas obtidas pelo GLOBO. Para o ano de 2025, o déficit previsto é de R$ 10 bilhões. Essa situação é causada pela redução das receitas, aumento dos custos e perda de participação no mercado de encomendas, que caiu de 51% para 25%. Com a implementação do plano, a empresa espera diminuir o déficit em 2026 e alcançar lucratividade em 2027.

No primeiro semestre de 2025, a companhia apresentou um prejuízo acumulado de R$ 4,3 bilhões. Apenas entre abril e junho, o resultado negativo foi de R$ 2,6 bilhões, quase cinco vezes maior que o prejuízo de R$ 553,1 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. O fluxo de caixa mensal permanece negativo, em torno de R$ 750 milhões.

Recentemente, a estatal anunciou que o plano foi aprovado pela diretoria executiva e pelo Conselho de Administração. Entre as ações previstas estão uma operação de crédito de até R$ 20 bilhões, cortes de despesas e modernização do modelo de negócio, enfrentando a pior crise da história da empresa.

Os Correios planejam finalizar as negociações para o empréstimo até a próxima semana. Após receberem propostas com juros elevados, a empresa agora busca captar recursos com taxas próximas a 120% do CDI, valor geralmente aceito para operações garantidas pela União.

No curto prazo, a direção espera captar ao menos R$ 10 bilhões para equilibrar as finanças e implementar as primeiras ações do plano de reestruturação. Entre as prioridades estão a regularização dos pagamentos essenciais, como os fornecedores, a revisão dos contratos mais significativos e a meta de alcançar 95% de entregas regulares em 2026, contra os atuais 92%.

Na redução de despesas estruturais, o plano inclui um Programa de Demissão Voluntária (PDV) com a adesão prevista de 10 mil colaboradores, a venda de imóveis não utilizados com potencial de até R$ 1,5 bilhão e a otimização da rede de atendimento, reduzindo até mil pontos deficitários. O déficit do Postal Saúde, plano de saúde dos funcionários mantido pela empresa, também será diminuído.

Após estabilizar e reorganizar as operações, a terceira fase do plano foca no retorno ao crescimento sustentável. Ações previstas nessa etapa incluem parcerias estratégicas, adoção da tecnologia avançada e ajustes no modelo de negócio.

A empresa também considera futuras operações de fusão, aquisição e outras reorganizações societárias para aumentar sua competitividade no médio e longo prazo, conforme comunicado oficial.

Compromisso com a Universalização

Os Correios ressaltam que garantir o serviço postal em todo o Brasil, entregando cartas e encomendas até nos locais mais remotos, gera um custo elevado de R$ 5,4 bilhões no primeiro semestre de 2025. Contudo, esse compromisso é considerado estratégico e socialmente inegociável.

Os Correios destacam que preservar a universalização é fundamental para a integração nacional, a comunicação segura e a soberania logística do país. Em diversos países, existem mecanismos formais de compensação que garantem a manutenção desse serviço público essencial.

Apesar da diminuição das receitas tradicionais, tendência global, os Correios permanecem como o único operador capaz de atender todos os municípios brasileiros, inclusive áreas onde a presença do Estado é vital.

A ampla capilaridade da estatal permite a realização de operações logísticas fundamentais para o país, como a entrega das urnas eletrônicas nas eleições e apoio em situações de emergência, como recentes enchentes no Rio Grande do Sul e o tornado no Paraná.

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