Economia
Correios prevê despesas de R$ 22,9 bilhões e busca ajuda financeira
Enfrentando uma séria crise econômica, os Correios planejam fechar o ano de 2025 com despesas totais de R$ 22,9 bilhões, conforme dados orçamentários divulgados pela estatal. A maior parte desse valor está destinada a custos com funcionários, que somam R$ 15,1 bilhões. Esse montante elevado é parcialmente decorrente dos benefícios garantidos pelo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerados internamente como um desafio para a reestruturação financeira da empresa.
Os custos com pessoal, representando cerca de dois terços dos gastos operacionais, continuam altos mesmo após esforços da empresa para controlar despesas e negociar mudanças com os sindicatos. Esses valores abrangem benefícios além dos previstos na CLT, como adicional de 70% sobre férias, pagamento em hora tripla para domingos e feriados, além de regras que dispensam compensação por encerramento antecipado do expediente. A empresa não se pronunciou sobre o assunto.
Esses benefícios foram mantidos e até ampliados no acordo firmado no ano anterior, enquanto a companhia já enfrentava dificuldades financeiras. Especialistas destacam que, embora esses benefícios não sejam ilegais, eles aumentam a diferença entre os custos trabalhistas dos Correios e os de seus concorrentes privados no setor logístico, que atuam em um mercado altamente competitivo no e-commerce.
Os dados internos indicam que os custos com pessoal subiram em relação a 2024, quando totalizaram R$ 14,5 bilhões, equivalentes a 62,8% das despesas correntes. Em 2025, essa proporção deve alcançar 65,8%. Esse aumento ocorre em um cenário de redução das receitas, que somaram R$ 21,5 bilhões no ano anterior, uma queda real de 6,6% em relação a 2023.
Além da folha de pagamento, o orçamento dos Correios também sofre pressão devido a R$ 10,37 bilhões em transferências intra-governamentais, que incluem obrigações previdenciárias, pagamentos a outras entidades federais e despesas decorrentes de passivos trabalhistas.
Apesar das limitações financeiras, a estatal concedeu reajuste salarial de 4,11% em sua última negociação coletiva e realizou novo concurso público.
Atualmente, os Correios negociam com instituições financeiras um crédito no valor de R$ 20 bilhões, fundamental para manter as operações e modernizar a estrutura logística nos próximos anos. O governo avalia que, caso a estatal não obtenha condições favoráveis para esse empréstimo, poderá ser necessário um aporte financeiro do Tesouro para garantir o pagamento dos salários dos funcionários até o final do ano.


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