Corte de juros nos EUA e Brasil impulsiona bolsa

As expectativas de redução das taxas de juros nos Estados Unidos na próxima quarta-feira (17) e também em algum momento deste ano no Brasil estão impulsionando a alta do Ibovespa no início das negociações desta segunda-feira, 15. Além disso, o aumento nos preços do petróleo e a valorização da maioria das bolsas internacionais durante a manhã reforçam esse cenário positivo. Entretanto, a queda de 0,31% no preço do minério de ferro hoje em Dalian, na China — indicativo de um enfraquecimento econômico — juntamente com riscos políticos, podem limitar esse avanço ou até provocar recuo no Índice Bovespa.

Enquanto aguardam a decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, os índices de ações no Ocidente estão em alta, acompanhados pela queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e a diminuição das taxas futuras de juros no Brasil. Essas taxas já refletem a redução de 0,53% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em julho, maior do que a estimativa mediana de -0,30%.

Embora o resultado do IBC-Br não deva alterar as expectativas para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira, ele pode impactar as projeções para o ciclo de queda dos juros, possivelmente ainda em 2025. Paralelamente, houve uma melhora nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme o Relatório Focus divulgado hoje pelo Banco Central.

A mediana para a inflação ajustada nos próximos 12 meses foi ligeiramente reduzida de 4,45% para 4,43%. Para 2025, a previsão caiu de 4,85% para 4,83%, embora ainda permaneça acima do teto da meta de 4,50%. A estimativa para a inflação em 2027 caiu de 3,93% para 3,90%. Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, destaca que, pela primeira vez, se observa uma projeção de queda na Selic para 2026, passando de 12,50% para 12,38% ao ano, acompanhada da redução do IPCA para 2027 — indicando o horizonte relevante para a política monetária, exatamente na semana da decisão do Fed. Para 2025, a Selic continua estimada em 15% ao ano, valor aguardado para a decisão do Copom.

Bruna Sene também salienta que a alta nos preços do petróleo e das bolsas nos Estados Unidos e na Europa são fatores favoráveis para o Ibovespa. Além disso, a queda mais acentuada do IBC-Br acende um sinal sobre o possível início do ciclo de queda da Selic, que pode começar ainda em 2025.

Outro ponto relevante é a possibilidade de retaliação dos EUA contra o Brasil em decorrência da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira, por tentativa de golpe após as eleições de 2022. A Moody’s alertou que bancos brasileiros podem enfrentar restrições que afetem operações internacionais e diminuam a confiança dos investidores. Além disso, haverá atenção ao avanço da pauta da anistia no Congresso Nacional.

A agenda internacional para hoje está mais leve. Além da decisão do Fed, as atenções se voltam para os próximos ajustes nas taxas de juros na China, Japão, Canadá e África do Sul. Para a decisão do Fed, espera-se uma redução de 0,25 ponto percentual, apesar da pressão pública do presidente dos EUA, Donald Trump, que pede cortes mais significativos. No fim de semana, Trump afirmou aguardar um “grande corte” e insistiu no pedido para que um tribunal permita a demissão da diretora do Fed, Lisa Cook.

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,61%, atingindo 142.271,58 pontos. Às 11h01 desta segunda-feira, o índice mostrava alta de 0,62%, atingindo 143.124,26 pontos, chegando a subir até 143.209,95 pontos após abrir perto de 142.292,21 pontos.

Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, acredita que o Ibovespa tem potencial para subir até 147 mil pontos hoje, impulsionado pelas commodities agrícolas e pelo petróleo.

A Petrobras apresentava leve baixa de cerca de 0,10%, mesmo com a valorização do petróleo em cerca de 1%. Em notícia recente, a estatal finalizou a aquisição de 27,5% do bloco exploratório 4, em São Tomé e Príncipe, na África, tornando-se parte do consórcio. As ações da Prio e Petrorecôncavo também subiram 0,24% e 0,23%, respectivamente.

Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale avançava 0,33%, enquanto CSN e Usiminas tinham leves quedas. No setor bancário, o Banco do Brasil foi o único a apresentar baixa, caindo 1,03%. Já as ações mais sensíveis ao ciclo econômico despontaram em alta, com Yduqs subindo 5,95% e Cogna 4,79%.