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Corte no imposto para kits de carros chineses pode afetar empregos no setor automotivo

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Representantes da indústria automotiva, incluindo montadoras presentes no Brasil como Volkswagen, Stellantis (detentora das marcas Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep), Toyota e General Motors, enviaram uma carta ao presidente Lula alertando que, caso o governo atenda ao pedido da BYD para diminuir o imposto de importação sobre kits de montagem automotiva chineses, isso poderá causar impactos negativos nos empregos do setor.

A BYD solicitou uma redução nas tarifas dos kits CKD (Completely Knocked Down) e SKD (Semi Knocked Down) dos atuais 35% para 10%, tema que pode ser debatido pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) em breve.

Essa controvérsia ocorre em meio a um aumento tarifário de 50% aplicado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o que pode prejudicar a indústria automotiva brasileira caso não haja um acordo entre os países.

Volkswagen, Stellantis, Toyota e General Motors destacam na carta que o plano de investimentos de R$ 180 bilhões até 2030 está ameaçado se essa redução for aprovada, o que pode colocar em risco empregos qualificados.

O setor automotivo brasileiro emprega cerca de 1,3 milhão de pessoas direta e indiretamente, representa 2,5% do PIB nacional, 20% do PIB da indústria de transformação e gera um faturamento anual de US$ 74,7 bilhões.

Segundo as montadoras, importar kits desmontados não deve ser visto como uma fase de transição para uma nova forma de produção, mas sim um modelo que pode se manter e reduzir a abrangência da produção nacional e a geração de empregos.

A carta foi assinada pelos CEOs Ciro Possobom (Volkswagen), Emanuelle Cappellano (Stellantis), Santiago Chamorro (General Motors) e Evandro Maggio (Toyota). Até o momento, o governo não respondeu ao pedido.

Além das montadoras, diversas associações e sindicatos de metalúrgicos de diferentes regiões também apoiam o apelo para manter o imposto atual, lembrando que as importações de veículos cresceram quase 60% entre 2022 e 2024, e alertando para o risco de prejudicar a reindustrialização e os empregos locais.

Os representantes do setor de autopeças, como Abipeças e Sindipeças, são contrários à redução da alíquota e defendem que o imposto sobre carros importados seja mantido em 35% ou aumentado, mesmo com o imposto sobre veículos prontos aumentando gradativamente e só chegando a 35% em 2026.

Durante a apresentação da unidade da BYD na Bahia, em junho, seus representantes afirmaram esperar que o imposto sobre kits SKD seja reduzido.

Alexandre Baldy, presidente da BYD no Brasil, ressaltou que pagar o mesmo imposto por um veículo totalmente montado e por um kit SKD, que exige investimentos e gera empregos para montagem local, não é coerente.

No entanto, ele frisou que a redução seria temporária, pois a expectativa é que, em até 12 meses, a produção migre para o formato local. A BYD também já iniciou o credenciamento de fornecedores para sua unidade em Camaçari.

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