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Covid-19: movimento em ônibus no DF cresce 40%. Saiba como se prevenir
Apesar de o Governo do Distrito Federal (GDF) adotar o discurso de que a população deve evitar aglomerações, a retomada gradual das atividades econômicas impõe a trabalhadores a utilização do transporte público como forma de locomoção. Números da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) mostram que, na primeira semana de junho, foram, em média, 445 mil acessos a ônibus e metrô na capital, o maior registro desde o final de março.
A auxiliar de serviços gerais Doralice Costa, 47 anos, tem percebido que cada vez mais pessoas nas ruas. Voltando para casa após buscar um resultado de exame no centro de Brasília, ela não esperava uma fila de 30 pessoas para o ônibus que passa pelo Itapoã/Paranoá. “Fico preocupada. O ideal seria aumentar o número de ônibus para a gente não ficar tanto tempo esperando e ainda pegar cheio”, conta.
Célia Menezes, 52, atualmente desempregada, fez uma consulta no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e queria voltar para casa com mais tranquilidade. A fila do ônibus para as quadras 300/500 de Samambaia chamou a atenção. “Foi de uma semana para a outra que começou a aumentar. Óbvio que o pessoal precisa trabalhar, mas não pode ser desse jeito”, opina.
Ainda segundo o levantamento da Codeplan, a maior quantidade de viagens registrada desde o início de maio foi na sexta-feira (05/06), mesmo dia em que foi contabilizado, pela primeira vez, mais de mil casos confirmados de coronavírus em 24hrs. Com 500 mil acessos a ônibus e outros 53 mil a metrô, o dia marcou um aumento de 5% em relação ao pico da semana anterior, que teve 477 mil viagens de ônibus e 49 mil de metrô.
Se levada em consideração a média dos acessos ao transporte público ao longo dos meses, o DF já registrou aumento de quase 40% em relação ao início das medidas de isolamento. Enquanto na última semana de março foram cerca de 267 mil viagens, no começo de junho o número chegou a 445 mil.
Sistema obsoleto
Para o professor Carlos Brescianini, pesquisador na área de mobilidade urbana, a retomada das atividades durante a pandemia irá radicalizar todos os problemas estruturais que o transporte público do DF já possui. “Temos um sistema obsoleto, em que vimos mais gente se aglomerando nos pequenos espaços dos ônibus ao invés de existir a opção do metrô”, conta.
Segundo ele, caso houvesse mais estações, seria possível fazer um controle da temperatura de todos os usuários antes de passar pela catraca, por exemplo. “Nos ônibus, isso é impossível. Como colocar alguém para conferir em todas as paradas que temos?”, questiona.
Uma vez que esse problema não pode ser resolvido rapidamente, Brescianini sugere que álcool em gel seja disponibilizado dentro dos coletivos e recomenda que as empresas controlem a quantidade de passageiros. “Fazer com que todas as pessoas viajem sentadas. Não acaba com a falta de distanciamento, mas evita gente em pé deixando ainda mais lotado”, conta.
Ações
Conforme explica o secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Valter Casimiro, várias ações já foram tomadas. “A gente colocou toda a frota em operação e determinou a limpeza dos ônibus ao fim de cada viagem. Chegamos até a redirecionar os coletivos usados em escolas para ajudar nos horários de pico”, relata.
No entanto, a preocupação maior da Semob é quando as aulas voltarem. De acordo com o secretário, já foi feito um estudo do impacto. “É uma preocupação grande, pois não é só o aluno: é professor, é segurança, é auxiliar de serviços gerais. Se a gente tivesse de voltar, precisaria ver a possibilidade de um remanejamento dos horários de início das aulas para não causar aglomerações”, diz.
Não se contamine contaminação
Para não contrair o coronavírus, a infectologista do Hospital Águas Claras, Ana Helena Germoglio, lembra que questões básicas de higiene precisam ser seguidas. “Além de usar máscara, ter sempre à mão uma bisnaguinha de álcool em gel para usar com frequência, já que não terá água e sabão disponível no coletivo”, diz.
Outro ponto ressaltado é o momento da chegada em casa. Após entrar em contato com várias pessoas no transporte público, o ideal é ir para o chuveiro antes de qualquer outra coisa. “Retirar o calçado, a roupa que utilizou e tomar banho imediatamente”, ressalta.
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