Economia
Crédito imobiliário simplificado deve aquecer lançamentos para a classe média

A classe média será a principal beneficiada pelo novo modelo de financiamento imobiliário com recursos da poupança anunciado recentemente pelo governo, segundo avalia Renato Correia, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
Para o próximo ano, estima-se que cerca de R$ 37 bilhões ingressem no mercado, o que pode estimular novos lançamentos imobiliários.
Dentre as mudanças, destaca-se o aumento do teto para financiamento pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, com taxa de juros limitada a 12% ao ano.
“Com a liberação de cerca de R$ 37 bilhões através da redução do depósito compulsório no Banco Central, o mercado contará com mais recursos disponíveis. Cada instituição financeira decidirá como aplicá-los”, ressalta Renato Correia.
Ele comenta que o aumento do limite de financiamento e a redução da taxa de juros facilitarão o acesso ao crédito, aumentando a oferta de projetos imobiliários.
A classe média, que enfrentava restrições para financiar imóveis acima de R$ 1,5 milhão, será a maior favorecida, promovendo maior dinamismo no mercado.
Famílias com renda até R$ 12 mil são alcançadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, focado em imóveis até R$ 500 mil. No entanto, para aqueles com renda superior, a aquisição era mais difícil devido ao custo do crédito, que chegava a 14% ao ano.
Cautela para não favorecer alta renda
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da Fundação Getulio Vargas/IBRE, destaca que a Caixa Econômica Federal retornará ao financiamento de 80% do valor para imóveis residenciais.
É esperado que outros bancos também participem, embora existam dúvidas quanto à taxa limitada de 12% ao ano em contexto de crédito mais caro. Apesar dos recursos da poupança proporcionarem taxa mais atrativa, os bancos manifestam cautela.
Para evitar direcionar recursos para imóveis de alta faixa de preço, foram criados incentivos para priorizar imóveis com valor abaixo de R$ 1 milhão.
Impactos econômicos
Segundo a XP, o novo modelo de crédito imobiliário junto à ampliação do Minha Casa, Minha Vida pode contribuir com 0,1 ponto percentual no crescimento do PIB em 2026, cuja previsão é de 1,7% para o ano.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) avalia o avanço como fundamental para ampliar o acesso de famílias da classe média à moradia.
De acordo com a entidade, é um passo significativo para incrementar a razão entre crédito imobiliário e PIB no Brasil, que atualmente está em 10%, muito abaixo dos cerca de 50% observados em países desenvolvidos.

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