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Cresce o número de desempregados acima dos 40 anos no DF
De acordo com o IBGE, um em cada quatro que buscam uma vaga nas empresas do Distrito Federal está acima dessa faixa etária
O desemprego é um drama para 12 milhões de brasileiros. No Distrito Federal, 170 mil pessoas estão atrás de uma colocação no mercado de trabalho. Um em cada quatro tem mais de 40 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um recorte feito entre abril e junho deste ano mostra que, do total de desempregados, 24% estavam acima desta idade. No mesmo período de 2015, esse grupo totalizou 18,4%. No entanto, em todo o Brasil, não se percebe um aumento tão significativo de pessoas desempregadas nessa faixa etária. Em 2016, eram 23%, enquanto que no ano anterior, cerca de 22%.
De acordo com o economista Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB), em geral, os empresários priorizam a redução de custos. “Quando veem a imensa mão de obra disponível de jovens, percebem que podem contratar mais gente gastando menos se dispensar os trabalhadores antigos de casa e mais velhos”, explica.
Antônio Caldeira, 47 anos, passou por isso. Ele trabalhava desde 1999 na mesma empresa de alimentos como vendedor. No entanto, há menos de um ano, a empresa foi vendida e os funcionários mais antigos e com salário um pouco maior foram dispensados pelos novos donos. “Agora, eu não estou achando emprego que paga menos do que eu ganhava tampouco o mesmo salário”, desabafa.
Atualmente, ele faz bicos de motorista do aplicativo Uber. Segundo Antônio, o dinheiro que está ganhando dá para segurar as despesas da casa. O problema é que, agora, a Carteira de Trabalho não está mais assinada. “Estou até pensando em começar a pagar o INSS por fora, senão depois não aposento”, lembra o motorista.
Para o economista Roberto Piscitelli, o Estado precisa incentivar as empresas a contratarem funcionários mais velhos. “Se por um lado é mais oneroso manter funcionários experientes, por outro, essas pessoas são mais estáveis emocionalmente, menos afoitas, mais fiéis a empresa em que trabalham. O problema é que não há incentivo financeiro para que os empregadores mantenham esses trabalhadores”, pontua.
Bom exemplo
Se para muitas empresas a idade do trabalhador pesa, para o restaurante Dona Luiza Confraria, em Águas Claras, é uma qualidade. Paulo Pagani, proprietário do estabelecimento inaugurado no fim do ano passado, fez questão de contratar mulheres acima dos 60 anos. Atualmente, o restaurante conta com 30 funcionários. Destes, 14 tem entre 60 e 80 anos.
“Cada dia elas me mostram como acertei em fazer essa escolha. São pessoas ávidas por trabalho, que desejam mostrar que ainda são úteis.”, conta, orgulhoso, o empresário.
Dona Luiza, a pessoa que empresta o nome ao negócio, é mãe de Paulo e tem 90 anos. “A ideia de ter uma idosa recepcionando os clientes é, na verdade, uma forma de ter a presença da minha mãe aqui. Ela é minha maior referência”, assegura.
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