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Economia

Criminosos movimentam R$ 52 bilhões em postos de combustível, diz Receita

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A Receita Federal calcula que a organização criminosa investigada na Operação Carbono Oculto movimentou aproximadamente R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024 em postos de combustível. Essa movimentação foi feita por meio do recolhimento de impostos em valores muito baixos e incompatíveis com a atividade real, causando um prejuízo de R$ 8,6 bilhões aos cofres públicos. Auditores identificaram também 40 fundos de investimentos usados para proteger e investir o patrimônio do grupo, avaliado em R$ 30 bilhões.

Conforme a Receita, a ação realizada em 28 de fevereiro visa desbaratar um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. São investigados vários elos dessa cadeia — desde importação, produção, distribuição e venda ao consumidor final, até operações que ocultam e blindam o patrimônio, incluindo fintechs e fundos de investimento.

A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) entrou com processos judiciais para bloquear bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão, entre imóveis e veículos, garantindo o crédito tributário.

Receita Federal descreveu o esquema: a organização lavava dinheiro criminoso enquanto obtinha altos lucros na cadeia de combustíveis. Muitas empresas serviam para disfarçar os recursos ilícitos. A fraude incluía sonegação fiscal e adulteração de produtos, prejudicando consumidores e a sociedade.

Os investigados usavam importadoras como intermediárias para adquirir nafta, hidrocarbonetos e diesel no exterior, financiados por formuladoras e distribuidoras ligadas à quadrilha. Entre 2020 e 2024, as importações somaram mais de R$ 10 bilhões. Também eram frequentes as vendas com sonegação de tributos realizadas por distribuidoras e postos controlados pelo grupo, gerando créditos tributários federais superiores a R$ 8,67 bilhões.

Houve ainda fraude envolvendo o metanol, importado para outros usos, mas desviado para adulterar gasolina, causando danos ao consumidor.

Auditores apontaram irregularidades em mais de mil postos em 10 Estados brasileiros: São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Muitos postos serviam para receber valores em dinheiro ou por cartão, e transferir recursos ilícitos em suas contas bancárias, compondo o esquema de lavagem de dinheiro.

Esses postos movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram poucos impostos. Foram autuados em R$ 891 milhões pela Receita Federal.

Segundo a Receita, cerca de 140 postos não registraram movimentação nesse período, mas receberam mais de R$ 2 bilhões em notas fiscais, possivelmente para disfarçar recursos ilegais nas distribuidoras vinculadas à organização.

A blindagem patrimonial contou com a atuação de fintechs, empresas que oferecem serviços financeiros digitais. Uma fintech funcionava como banco paralelo do grupo, movimentando R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024 e recebendo depósitos em espécie estranhos à sua natureza, totalizando R$ 61 milhões só entre 2022 e 2023.

A utilização dessas fintechs visa explorar falhas regulatórias, dificultando o rastreamento e identificação dos recursos movimentados.

A Receita identificou também 40 fundos de investimento multimercado e imobiliários, com patrimônio total de R$ 30 bilhões, controlados pela organização. Muitos fundos são fechados e possuem apenas um cotista, geralmente outro fundo, gerando camadas para ocultação patrimonial.

Os bens adquiridos por esses fundos incluem um terminal portuário, quatro usinas produtoras de álcool — com duas outras em aquisição ou parceria —, cerca de 1.600 caminhões para transporte de combustível e mais de 100 imóveis, entre eles seis fazendas no interior de São Paulo avaliadas em R$ 31 milhões, e uma residência em Trancoso, Bahia, adquirida por R$ 13 milhões.

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