Crise nos Correios ameaça meta fiscal, diz IFI

A grave situação dos Correios pode comprometer o alcance da meta fiscal do país, conforme alertado pelo Instituto Fiscal Independente (IFI), órgão vinculado ao Senado. Um relatório recente destaca que os resultados negativos das empresas estatais demandarão maior esforço fiscal do governo.

Nos últimos 12 meses até agosto de 2025, o déficit acumulado das estatais atingiu R$ 8,9 bilhões, conforme dados do Banco Central. Entre elas, os Correios enfrentam a maior crise de sua história, necessitando de mais de R$ 20 bilhões para equilibrar suas contas.

O IFI chama atenção para a possibilidade de o governo federal precisar socorrer financeiramente essas estatais, o que pode aumentar as demandas fiscais nos últimos meses de 2025.

“Com o agravamento da situação financeira das estatais, a margem para cumprir a meta fiscal se estreita. Caso os resultados negativos não sejam revertidos, será necessário um aporte financeiro do governo central”, apontou o relatório do IFI.

Os Correios, enfrentando queda constante de receitas, aumento de custos e redução de eficiência, avaliam alternativas para evitar o apoio direto do Tesouro Nacional. Uma das opções em análise é um empréstimo junto a um consórcio bancário. Essa solução é preferível para a equipe econômica, que teme o impacto imediato e o risco de tornar a empresa dependente do orçamento federal.

O IFI destaca que, apesar do déficit primário nas estatais não representar necessariamente prejuízo contábil imediato, a sequência desses déficits aponta para um quadro preocupante.

Para 2024, a meta fiscal estipula equilíbrio entre receitas e despesas, com tolerância para déficit ou superávit de até R$ 31 bilhões (equivalente a 0,25% do Produto Interno Bruto). O governo vem atuando próximo ao limite inferior dessa margem, medida que já foi questionada na Corte. Para 2025, a previsão é alcançar um superávit de R$ 34,3 bilhões.