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Cristãos e muçulmanos da Nigéria rejeitam ameaças de Trump de intervenção militar

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População nigeriana de diversas crenças repudiou nesta segunda-feira (3) a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de realizar intervenção militar no país devido às alegações de assassinatos de cristãos.

A Nigéria, a nação mais populosa da África, está praticamente dividida entre uma região sul majoritariamente cristã e uma região norte com maioria muçulmana. O país é cenário de vários conflitos onde, conforme especialistas, tanto cristãos quanto muçulmanos são vítimas fatais.

As acusações de uma “perseguição” contra cristãos na Nigéria ganharam destaque sobretudo na direita europeia e americana nas últimas semanas.

“Cristãos estão sendo mortos, mas não podemos ignorar que muçulmanos também estão sendo mortos”, declarou à AFP Danjuma Dickson Auta, líder comunitário cristão.

Donald Trump afirmou no final de semana em suas redes sociais que ordenou ao Pentágono que preparasse um plano de ataque em potencial.

Ao ser questionado por um jornalista da AFP, a bordo do Air Force One, se estava considerando o envio de tropas terrestres ou ataques aéreos, Trump respondeu: “Pode ser, quero dizer, considero várias opções”.

Ele acrescentou: “Estão matando cristãos em grande número. Não podemos permitir que isso continue”.

Conflitos entre agricultores e pecuaristas causam mortes

Danjuma Dickson Auta, de 56 anos, nasceu no estado de Plateau, onde cristãos e muçulmanos convivem há muito tempo.

Plateau registrou picos de violência, como nos conflitos sectários na capital Jos, em 2001 e 2008.

Nos últimos anos, Plateau e outras regiões do centro da Nigéria vêm sendo palco de confrontos mortais entre agricultores cristãos e pecuaristas fulani muçulmanos, motivados por disputas por terra e recursos.

Esses conflitos devastaram vilarejos e resultaram em muitas mortes, principalmente de agricultores.

Retaliações contra pecuaristas, inclusive massacres por vingança, geralmente não são amplamente divulgadas na mídia local ou internacional.

Embora a violência seja muitas vezes atribuída a fatores étnicos e religiosos, especialistas destacam que a raiz do problema está na má administração das terras e na falta de policiamento nas áreas rurais.

Em Plateau, alguns chegaram a usar o termo “genocídio” mais em um sentido étnico do que religioso.

Grupos separatistas do sudeste têm acusado de um suposto “genocídio cristão” nos últimos anos.

O gabinete Moran Global Strategies, dos EUA, pressionou a favor dos separatistas este ano, assessorando o Congresso americano com materiais que classificam a situação como “perseguição cristã”.

Nigéria sugere diálogo entre Trump e Tinubu

A Nigéria também enfrenta um antigo conflito jihadista no nordeste e ataques de grupos armados no noroeste.

A população do norte é majoritariamente muçulmana, fazendo com que a maioria das vítimas também pertença a essa religião.

Segundo Abubakar Gamandi, líder muçulmano do sindicato dos pescadores do estado de Borno, epicentro do conflito com o Boko Haram, “aqueles que promovem a ideia de genocídio cristão sabem que isso não é verdade”.

Chukwuma Soludo, governador cristão do estado de Anambra, também rejeitou uma possível intervenção americana, afirmando que Washington “deve atuar dentro do direito internacional”.

Após as declarações de Trump, o governo nigério sugeriu que um encontro entre o presidente Bola Tinubu e Donald Trump poderia ajudar a solucionar o impasse.

Daniel Bwala, porta-voz do presidente nigeriano, comentou que o estilo comunicativo de Trump é peculiar e que a postagem do ex-presidente poderia ter sido uma tentativa de forçar uma reunião para encontrar um acordo em relação à segurança.

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