Economia
Cuidado com golpes online nas férias

Passagem adquirida, hospedagem garantida e malas arrumadas: tudo indica o começo do tão esperado período de descanso. Contudo, ao confirmar a reserva, o telefone fornecido não atende e descobre-se que o local é inexistente. Você caiu em um golpe digital. Com o aumento das buscas por hospedagem e pacotes turísticos durante o verão, essas fraudes têm se tornado comuns, especialmente nas compras pela internet.
Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum de Segurança Pública, golpes digitais causaram prejuízos a 56 milhões de brasileiros em 2024, somando perdas próximas a R$ 111,9 bilhões.
Esse cenário mostra uma preocupação que vai além das finanças diárias e alcança até os momentos de lazer. Nem mesmo as férias estão protegidas contra golpes virtuais, que também atingem reservas de hospedagens e pacotes. A OLX, uma das principais plataformas de locação, registrou 3,2 mil denúncias de fraudes em locações de casas, apartamentos e lofts para temporada no último ano.
Em Pernambuco, o turismo cresce tanto pelo aumento de visitantes de outras regiões quanto pelo fortalecimento do turismo local. Informações do Ministério do Turismo indicam alta de 9,5% na receita do setor entre janeiro e maio de 2025. Porém, o crescimento também traz alerta para o aumento de fraudes digitais na região.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), os setores de hospedagem e alimentação sofreram um prejuízo de cerca de R$ 100 bilhões por fraudes no Brasil em 2024.
Alerta
Rayana Assis, agente de viagens com mais de 11 anos de experiência, destaca que as fraudes geralmente começam com o cliente atraído por fotos bonitas dos anúncios, que podem ser falsas. “Na internet, as imagens podem ser lindas, mas é fundamental buscar avaliações de quem já usou o serviço para garantir que o anúncio é confiável”, aconselha.
Ela também alerta sobre preços muito baixos. “Não existe algo muito bom e muito barato. Quem viaja frequentemente sabe a média dos preços. Se um serviço está com valor muito abaixo do mercado, é motivo para suspeitar”, explica.
A regra é simples: se uma hospedagem ou pacote no valor de R$ 100 é encontrado em um site e a metade disso em outro, é importante desconfiar. O cuidado deve valer para todas as formas de compra, seja em agências, pousadas ou aluguel de casas. “Quem viaja frequente conhece o padrão de preços para cada produto”, completa.
Pesquisa
Buscas feitas nos principais sites de hospedagem em Fernando de Noronha e Porto de Galinhas mostraram que as diárias em Noronha, para o começo de janeiro, ficam entre R$ 571 para quartos compartilhados e R$ 3.800 para suítes de pousadas. Em Porto de Galinhas, os preços variam de R$ 180 para quarto compartilhado a R$ 2.800 para suíte completa.
Os valores dependem de comodidades como piscina, chuveiro aquecido, tamanho do quarto e outros diferenciais. Portanto, ao pesquisar preços, o viajante deve comparar levando esses fatores em conta para evitar ofertas falsas ou golpes.
Além de hotéis e pousadas, aluguéis de casas para temporada são procurados por famílias e quem deseja mais privacidade. Nesses casos, os valores geralmente são maiores, exigindo ainda mais atenção, segundo Sacha Myrna, especialista em imóveis e CEO da imobiliária Metro Quadrado.
Ela recomenda que, antes de qualquer pagamento, o hóspede faça uma videochamada com o proprietário para conferir o imóvel ao vivo e confirmar se endereço e fotos batem com o anúncio.
Sacha reforça que depósitos não devem ser feitos em contas pessoais fora das plataformas oficiais como Airbnb ou Booking, que só liberam dinheiro após o check-in. Avaliações de hóspedes anteriores e suspeitas sobre preços muito baixos também são essenciais para evitar golpes.
Contratos
O contrato de locação por temporada, regulamentado pela Lei do Inquilinato, é crucial para segurança jurídica entre as partes. Deve conter dados completos de locador e locatário, descrição detalhada do imóvel, prazo de até 90 dias, condições de pagamento, caução, responsabilidades por danos, uso de serviços e regras de cancelamento. “Um contrato claro ajuda a prevenir conflitos e evita processos na justiça”, ressalta.
Para o locador, é recomendado exigir caução ou seguro-fiança para curtas estadias, protegendo contra danos ou inadimplência. “A transparência é fundamental, com inventário completo dos bens, vistoria conjunta e recibo de caução para formalizar o aluguel”, explica Sacha.
Plataformas digitais têm ajudado na formalização desses contratos com documentos eletrônicos, avaliações e mediação de disputas. Mesmo assim, para locações de alto padrão recomenda-se um contrato complementar com cláusulas específicas.
Se o imóvel não corresponder ao anunciado ou apresentar problemas, o hóspede pode exigir reembolso total e buscar indenização por danos. “É importante documentar toda comunicação e reunir provas, pois a formalidade é essencial para garantir os direitos”, conclui a especialista.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login