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De Obama a Biden: Má relação entre Lula e Trump contrasta com outros líderes americanos

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Após manter uma relação forte com os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush e Barack Obama, durante seus dois primeiros mandatos, e uma boa interação com Joe Biden até janeiro deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva está enfrentando uma crise diplomática sem precedentes com os Estados Unidos.

Sem diálogo com o atual presidente da Casa Branca, Donald Trump, o líder brasileiro avalia estratégias para reagir ao recente anúncio de uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. Em mandatos anteriores, Lula chegou a ser recebido por Bush no Salão Oval e foi elogiado por Obama como “o cara.”

Biden também foi recebido por Lula na Amazônia, em um encontro que gerou grande expectativa, sendo uma das últimas ações do ex-presidente americano no cargo. Em 2023, eles colaboraram em temas importantes como condições de trabalho e meio ambiente.

A relação com Trump, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem sido marcada por confronto. Até o momento, Lula e Trump nunca trocaram uma palavra direta, e ambos parecem relutantes em iniciar qualquer diálogo.

Atualmente, não existem canais diplomáticos diretos entre as presidências, e os poucos contatos acontecem em níveis inferiores para manter a continuidade em assuntos da extensa agenda bilateral.

Durante a semana, Trump tomou uma medida inédita na história da relação entre os dois países ao anunciar tarifas elevadas, interferindo em questões internas do Brasil ao apoiar Bolsonaro e criticar o Judiciário brasileiro.

Essa situação remete à tensão ocorrida em 1976 entre o presidente americano Jimmy Carter e o regime militar brasileiro. Na época, os direitos humanos e o desarmamento nuclear, prioridades para Carter, eram temas delicados para o governo de Ernesto Geisel. Os militares negavam práticas como tortura e censura e buscavam explorar a energia nuclear. O desentendimento foi agravado pelo apoio de Geisel ao adversário de Carter nas eleições.

Apoiadora da vice-presidente Kamala Harris na disputa presidencial de 2023, a torcida de Lula por sua vitória pode ter influenciado a relação ruim com Trump. Contudo, o presidente americano manteve contato com outros líderes que também respaldaram Harris.

Segundo o ex-embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, enquanto a oposição brasileira atacava Lula e o Judiciário, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo não se empenhou em desmentir essas alegações. Ele enfatiza que nunca antes o Brasil esteve sem canais de comunicação com os Estados Unidos.

O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dawisson Belém Lopes, destaca que o rompimento nas relações já vinha desde o governo de Michel Temer, com o início do mandato de Trump. Desde então, Brasil e Estados Unidos deixaram de convergir em vários temas e passaram a votar de forma mais divergente na ONU.

Integrantes do governo brasileiro acreditam que a relação entre Lula e Trump pode se deteriorar ainda mais com as eleições de 2026 se aproximando.

O cientista político da Fundação Getulio Vargas, Guilherme Casarões, comenta que as relações historicamente eram cordiais e amistosas, e só foram rompidas recentemente, primeiro entre Bolsonaro e Biden, e agora entre Lula e Trump. Ele atribui essa ruptura não só às diferenças ideológicas, mas principalmente ao estilo da extrema direita populista que personaliza a política externa em detrimento dos interesses nacionais.

Roberto Goulart Menezes, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, relembra uma crise anterior no governo Dilma Rousseff, quando a espionagem americana atingiu autoridades brasileiras, incluindo a própria presidente. Esse episódio gerou uma crise diplomática significativa com Obama.

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