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Decorador do DF que deu calote em noivas e foi para Paris se apresenta

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Ele ficou calado em interrogatório e disse que daria declarações para o juiz. Informalmente, ele falou que estava internado em uma clínica psiquiátrica.

Três meses após ser acusado de dar calote em 80 noivas e em duas comissões de formatura do Distrito Federal e fugir para a França, deixando um prejuízo de R$ 1,6 milhão, o empresário Chrisanto Lopes Galvão Netto se apresentou à Polícia Civil do Distrito Federal no início da noite desta quinta-feira (21). De acordo com a delegada-chefe da 3ª DP, Cláudia Alcântara, ele permaneceu calado durante interrogatório e disse que só daria declarações na presença do juiz.

No entanto, a delegada afirmou que Galvão Netto contou informalmente que estava internado em uma clínica psiquiátrica em Goiânia e que só recebeu alta recentemente. “Ele falou que realmente esteve na França e que decidiu voltar para o Brasil para tentar resolver os problemas e demonstrar que ele não é um estelionatário. Ele disse que o que houve foi uma falência do negócio e disse que vai estudar fazer um acordo com as vítimas.”

Cláudia falou que pediu pela segunda vez aprisão preventiva do empresário na semana passada e que o juiz está analisando o pedido. Como não tinha mandado de prisão contra Galvão Netto, ele foi interrogado e liberado.

Em 18 de maio, a Justiça rejeitou a denúncia por estelionato contra Galvão Netto. Segundo o juiz Evandro Neiva de Amorim, da 8ª Vara Criminal do DF, não há provas de que o empresário tenha assinado os contratos por má-fé, já sabendo que não cumpriria os acordos. Em mensagem a uma amiga, o decorador disse não ter dado golpe. “Estou falido”, escreveu.

Mensagem recebida por colega de trabalho de decorador indiciado por estelionato no DF

Mensagem recebida por colega de trabalho de decorador indiciado por estelionato no DF

Ele disse que vai juntar documentos. Vou analisar esses documentos e vamos prosseguir com as investigações. Provavelmente vamos ouvir mais pessoas. Como ele se apresentou espontaneamente, temos que ver o que o juiz vai decidir.”

Porém, a 25ª Vara Cível de Brasília determinou em 26 de maio, em caráter provisório, o bloqueio de bens do decorador. O valor bloqueado é de R$ 48,5 mil, referente a dois contratos. O juiz havia determinado que o bloqueio ocorresse até o julgamento do mérito.

Denúncia
A ação criminal oferecida pelo MP se baseou nios prejuízos a um dos casais que se diz enganado pelo decorador. A denúncia aponta que os noivos assinaram contrato em fevereiro deste ano para a decoração da Igreja São Judas Tadeu, na Asa Sul. O casamento seria celebrado em julho. O pagamento de R$ 23 mil foi feito à vista.

Na decisão, o juiz reconhece o dano ao casal, mas questiona se o golpe já estava definido antes mesmo da assinatura do contrato. “O que se vislumbra de fato foi que o acusado assumiu obrigação de prestar serviço de decoração, que ainda não cumpriu, mas para que isto se transforme em estelionato há um hiato probatório não preenchido pela acusação”, diz o magistrado.

“O fato de ele ter se comprometido à execução do serviço, receber o preço, mas não dar início ao mesmo, só por isso não importa na identificação do estelionato, por faltar um elemento essencial: a fraude inicial que consistiria na vontade premeditada de induzir as vítimas em erro, com a elaboração de um contrato de prestação de serviço, quando, em realidade, não se passava de artifício fraudulento”, prossegue a sentença.

Esta é a única ação criminal que tramita contra Galvão Netto na Justiça do DF. O decorador também responde a seis processos civis por infrações ao direito do consumidor e dívidas não pagas. Em 2014, ele foi condenado por ressarcir noiva com cheques sem fundo.

Vítimas
Uma das pessoas lesadas pelo decorador é a administradora Cristina Leal. Ela diz que tinha uma reunião com o empresário no dia em que ele foi para Paris. “Eu liguei para ele para falar sobre o contrato e ainda brinquei se podia dormir tranquila. Ele respondeu que sim e que a decoração [da festa] seria um sucesso.”

A empresa do decorador funcionava em uma loja na quadra 303 do Sudoeste. No início de maio, a porta estava trancada e não havia nenhuma identificação. Os vizinhos do estabelecimento disseram que os funcionários foram dispensados na última quinta-feira e ninguém voltou ao local depois disso.

 

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