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Defesa Civil fecha local e projeto social é removido no DF

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Alunos e educadores do projeto comunitário Gravura em Foco enfrentam incertezas frente à ameaça de encerramento do curso gratuito oferecido no Museu Vivo da Memória Candanga, no Núcleo Bandeirante.

Recentemente, o grupo recebeu uma notificação da Defesa Civil exigindo a interdição do espaço onde as atividades ocorrem, a chamada Casa Laranja, situada dentro do museu. Apesar disso, críticos da decisão apontam que outras áreas no museu, algumas em situação estrutural ainda mais precária, continuam funcionando normalmente.

O documento oficial da Defesa Civil orienta a saída imediata dos participantes e funcionários, além da remoção dos equipamentos utilizados. A medida baseia-se num laudo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), que apontou risco de desabamento devido a danos em uma viga estrutural e no teto da construção.

Não foi apresentado qualquer local alternativo para continuidade das atividades, o que levou os organizadores a exigirem um novo espaço para o funcionamento do projeto. Como consequência, as aulas estão suspensas desde 18 de junho, data da ordem de interdição.

Condições críticas das estruturas do museu

O Metrópoles visitou o Museu Vivo da Memória Candanga e constatou que, enquanto algumas casas estão em condições de uso, outras, como a Casa Azul e a Casa Amarela, permanecem abertas apesar das condições precárias, abrigando exposições e oficinas.

Integrantes do Gravura em Foco acreditam que a suspensão do projeto está ligada a denúncias feitas contra a Gerência do museu, feitas através da ouvidoria, por suposta pressão sobre as professoras. A Coordenação de Museu e Patrimônio da Secec anunciou que investiga os fatos em reunião geral convocada após as queixas.

Atividades do projeto e impacto cultural

O Gravura em Foco realizava, há quinze anos, aulas gratuitas de gravação em metal, madeira e serigrafia para pessoas de variados locais do Distrito Federal. As aulas ocorriam das 9h às 17h, com recursos mantidos por pequenas contribuições voluntárias.

Além das aulas, o grupo promovia exposições, recebia visitas escolares e realizava leilões de obras, com renda revertida aos artistas. O projeto também servia como um espaço de lazer e aprendizado para pessoas em situação de vulnerabilidade, onde participantes mais experientes auxiliavam os novos.

Fernando Pedra, estudante de design da Universidade de Brasília (UnB), que frequenta as aulas há algum tempo, destaca a importância do projeto para o desenvolvimento cultural local: “A oficina abre muitas portas. Alunos iniciantes podem se tornar artistas renomados”, comentou.

Zelma de Carvalho, professora aposentada que participa há sete anos, expressa indignação: “São pessoas dedicadas, que fazem isso por amor à arte. É injusto destruir um trabalho que é a alma do museu.”

Demandas por respostas e continuidade

Professores do Instituto de Artes da UnB publicaram uma carta aberta pedindo que a Secretaria de Cultura do DF mantenha o projeto, considerando sua relevância para a produção artística local.

Os organizadores buscaram diálogo com a Secec solicitando realocação temporária, sem receber retorno. Também acionaram a Câmara Legislativa, onde o deputado Fábio Felix pediu a reconsideração da decisão, ressaltando que a saída imediata foi comunicada sem aviso prévio e que o encerramento afetaria um projeto consolidado.

A Secec informou que a suspensão da autorização para a oficina Gravura em Foco resultou de questões administrativas e seguindo recomendações da Defesa Civil.

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