Economia
Déficit do Governo Central chega a R$ 14,5 bilhões em setembro
O Governo Central registrou um déficit primário de R$ 14,5 bilhões em setembro de 2025, resultado que evidencia um aumento significativo das despesas superando as receitas.
Esse valor representa uma alta real de 166,6% em comparação com setembro de 2024, já ajustado pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme o relatório divulgado pelo Tesouro Nacional na quinta-feira, 30 de outubro.
Comparado ao mesmo mês do ano anterior, o desempenho negativo foi causado por um pequeno aumento real de 0,6% (R$ 1,1 bilhão) nas receitas líquidas, acompanhando uma alta de 5,7% (R$ 10,2 bilhões) nas despesas totais.
O resultado ficou acima das expectativas do mercado financeiro, que estimava um déficit em torno de R$ 6 bilhões, segundo a pesquisa Prisma Fiscal do Ministério da Fazenda.
No acumulado de 2025, o déficit primário do Governo Central atingiu R$ 100,4 bilhões, valor 9,1% menor que o registrado no ano anterior, já considerando a inflação. Esse balanço inclui um superávit de R$ 185,9 bilhões do Tesouro Nacional e Banco Central, compensado por um déficit de R$ 286,3 bilhões na Previdência Social.
O déficit primário é a diferença entre receitas e despesas excluindo os pagamentos com juros da dívida pública.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias e o novo arcabouço fiscal definem meta de déficit zero para o Governo Central, com tolerância de até 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo, o que equivale a um déficit máximo de R$ 31 bilhões.
Receitas e despesas
Em setembro, as receitas líquidas cresceram 5,8% em valores nominais, o que corresponde a um aumento real de 0,6% considerando o IPCA. Isso se deve principalmente à elevação de 11,9% (R$ 6,2 bilhões) na arrecadação líquida da Previdência Social, impulsionada pela melhora no mercado de trabalho e pelo aumento dos recolhimentos do Simples Nacional previdenciário.
Por outro lado, as despesas subiram 11,2% em valores nominais e 5,7% na comparação real com o mesmo mês do ano anterior. O principal aumento ocorreu nas despesas discricionárias — aquelas não obrigatórias, como investimentos e políticas públicas não essenciais — que cresceram 100,9% (R$ 10,6 bilhões). Destacam-se gastos em ações de saúde (R$ 4,1 bilhões) e outras despesas (R$ 2,9 bilhões).
O Tesouro Nacional ressaltou que a comparação entre anos foi impactada pela antecipação de pagamento de precatórios federais no valor de R$ 4,5 bilhões, referentes a setembro de 2025, efetuada já em setembro de 2024 devido a calamidade pública no estado do Rio Grande do Sul. Os precatórios correspondem a dívidas judiciais definitivas que o governo deve pagar.
Essa antecipação afetou principalmente os gastos com Benefícios Previdenciários, Pessoal e Encargos Sociais, além de Sentenças Judiciais e Precatórios, resultando em redução dessas despesas no comparativo anual entre setembro de 2024 e setembro de 2025.

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