Brasil
‘Deixa que a Polícia fala’, diz Alckmin sobre PMs suspeitos de execução
Em Valinhos, governador comentou imagens divulgadas no fim de semana. Quinze policiais estão detidos pela morte de 2 suspeitos de roubo na capital.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou, na manhã desta segunda-feira (14), que a polícia é quem falará sobre as imagens divulgadas no fim de semana com a execução de dois suspeitos durante perseguição de policiais militares na capital paulista. Durante evento em Valinhos (SP), o tucano evitou se alongar sobre o caso e disse apenas que é preciso esperar.
“Já estão presos”, declarou após ser questionado sobre as medidas que o governo do estado pretendia tomar após o caso vir à tona. Perguntado sobre providências administrativas, como uma eventual mudança no comando da Polícia Militar, o governador foi reticente. “Vamos aguardar. Deixa que a Polícia fala”, respondeu, encerrando a entrevista em seguida.
A ação policial, que deixou dois homens mortos, ocorreu no dia 7 de setembro durante uma perseguição após tentativa de roubo no Butantã, na Zona Oeste da capital. Foram divulgados dois vídeos em locais distintos da mesma perseguição.
O primeiro vídeo mostra o segundo suspeito sendo cercado, rendido, revistado, algemado, desalgemado e baleado em seguida supostamente pelos policiais. No segundo, um suspeito é jogado algemado de cima do telhado de oito metros de altura.
Cinco PMs foram presos na sexta-feira suspeitos da morte de Paulo Henrique Porto de Oliveira. Outros dez foram detidos no domingo suspeitos de envolvimento na morte de Fernando Henrique da Silva, que foi lançado de cima do telhado de uma casa.
Em nota, a SSP diz que a Polícia Militar atua rigorosamente na depuração interna, sendo implacável contra desvios de conduta. E que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) prossegue nas investigações para coletar provas materiais e testemunhais sobre o caso.
Sobre a ocorrência
Segundo o promotor Rogério Leão Zagallo, da 5ª Vara do Júri de São Paulo, os policiais registraram a ocorrência como perseguição que resultou na morte de dois suspeitos de tentativa de roubo de uma motocicleta na Rua Moacir Miguel da Silva, no Butanã, na Zona Oeste.
A motocicleta roubada foi abandonada na Rua Corinto e dos dois ocupantes, Fernando Henrique da Silva e Paulo Henrique Porto de Oliveira, fugiram para lados opostos. Eles foram reconhecidos pela vítima. De acordo com o histórico apresentado pelos policiais militares, o primeiro foi morto por policiais dentro de uma casa, em uma troca de tiros entre Silva e os militares. Oliveira foi morto com dois tiros no peito também em uma troca de tiros.
As imagens do vídeo do sistema de segurança de uma casa mostram o momento em que o suspeito Oliveira sai de trás de uma lixeira ao ser descoberto pelos policiais. Ele de imediato tira a jaqueta e camisa mostrando que estava desarmado. Em seguida ele deita no chão e coloca as mãos na cabeça.
A continuação do vídeo, que tem mais de 30 minutos, mostra um policial se aproximando do suspeito e apontando a arma para ele. Em seguida, uma policial militar surge e um terceiro policial também aparece na cena do crime. “Neste momento ele é preso e a ocorrência estava encerrada com a prisão dele. Levando ele para a delegacia de polícia e lá ele receberia o peso da lei”, disse Zagallo.
Depois de dominado, o rapaz tem os braços livres da algema e ele é levado para uma rua adjacente, onde é colocado sentado e encostado no muro de uma casa. As imagens mostram que um policial fica na frente dele, outro ao lado e um terceiro se posiciona atrás de um carro. É ele quem faz os disparos. Quando o policial sai da frente do rapaz, ele surge deitado e se debatendo por causa dos dois tiros recebidos no peito.
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