Deputado Eduardo Bolsonaro faz ameaça à Polícia Federal e resposta dura da corporação

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) proferiu ameaças contra a Polícia Federal (PF) durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, neste domingo (20), dois dias após uma operação que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), realizada na última sexta-feira.

O parlamentar dirigiu críticas aos policiais, mencionando o delegado Fábio Shor, responsável pelos principais inquéritos contra Bolsonaro, e voltou a se referir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, classificou as declarações como uma “covarde tentativa de intimidação”.

“Vai lá, cachorrinho da Polícia Federal que tá me assistindo, deixa eu saber não. Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer aqui. Pergunta ao tal delegado Fábio Alvarez Shor se ele conhece a gente”, disse o deputado se referindo às recentes ações da corporação.

Rodrigues afirmou que a PF tomará as medidas legais cabíveis, incluindo responder aos novos ataques nas investigações em curso. Eduardo Bolsonaro é alvo de inquérito por suposta obstrução da Justiça, coação no curso do processo e tentativa de subversão do Estado Democrático de Direito.

“Recebi com indignação mais essa covarde tentativa de intimidação aos servidores policiais”, declarou Rodrigues ao blog da Andréia Sadi, do portal g1. “Nenhum investigado intimidará a Polícia Federal”, completou.

Eduardo Bolsonaro é escrivão licenciado da PF e já respondeu a um procedimento administrativo disciplinar (PAD) no início do ano por declarações anteriores contra Fábio Alvarez Shor. O delegado será ouvido nesta segunda-feira pelo STF na oitiva de testemunhas do núcleo 2 e no início dos depoimentos do núcleo 3 na ação penal que investiga a trama golpista.

O deputado também voltou a mencionar o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que se empenhará para retirá-lo da Corte. Segundo ele, Moraes possui “argumentos fracos” e é “medíocre ao exercer seu cargo”.

“O ideal seria que ele (Alexandre de Moraes) deixasse o STF. Vou trabalhar para isso também, tá, Moraes? Por isso dizemos que o visto foi apenas o começo, nosso objetivo será remover você da Corte. Você não merece estar no topo do Poder Judiciário”, declarou.

Na semana anterior, Eduardo afirmou que uma “anistia ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro seria a única solução para o fim das tarifas impostas por Donald Trump aos produtos brasileiros. Ele afirmou que o presidente Lula (PT) e o ministro Alexandre de Moraes “estão sem controle” e defendeu que os Estados Unidos sancionem o magistrado.

“Lula e Moraes estão fora de controle, abusando de seus poderes e cometendo atos nunca antes vistos pela Suprema Corte”, disse Eduardo nas redes sociais. Ele também qualificou os condenados por tentativa de golpe como “presos políticos” e classificou aliados que deixaram o Brasil voluntariamente como “políticos e jornalistas exilados”, reforçando a narrativa de censura no país.

Detalhes da operação da Polícia Federal

Jair Bolsonaro deverá cumprir recolhimento domiciliar noturno e usar tornozeleira eletrônica. Está proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros, de se aproximar de embaixadas e de usar redes sociais. As medidas são baseadas em suspeitas de coação no curso do processo, obstrução da Justiça e ataque à soberania nacional.

A ação da PF concentrou-se no cumprimento de mandados de busca e apreensão na residência dele em Brasília e no escritório do PL na capital. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente deverá cumprir várias medidas cautelares, sem pedido de prisão.

Os investigadores identificaram risco de fuga do país. Na sexta-feira, foram apreendidos cerca de US$ 14 mil e R$ 8 mil em dinheiro na residência dele. Também foram encontrados um pendrive escondido no banheiro e uma cópia da petição inicial da rede social Rumble contra Moraes.