Deputado italiano revela endereço de Carla Zambelli às autoridades italianas

Angelo Bonelli, deputado italiano, comunicou oficialmente às autoridades italianas o endereço de Carla Zambelli (PL-SP), que foi presa pela Interpol em Roma.

Filiação do parlamentar ao Partido Verde Europeu, Bonelli já havia solicitado ao governo italiano que não concedesse refúgio à brasileira. Em 2023, ele também se manifestou contra a cidadania italiana para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em documentos apresentados, o deputado detalhou os delitos atribuídos à deputada, incluindo a disseminação de informações falsas e a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tentando inserir documentos falsificados, incluindo um mandado de prisão contra o ministro da Suprema Corte, referido ao caso de Alexandre de Moraes.

Além disso, mencionou o incidente de “perseguição armada”, no qual a deputada teria sacado uma arma e apontado para um homem nas ruas do bairro dos Jardins, em São Paulo.

Bonelli também ressaltou o tratado de cooperação entre Brasil e Itália que define os procedimentos para extradição entre os países.

O deputado questiona quais ações urgentes os ministros planejam tomar para garantir o cumprimento da lei nº 144/1991, que rege a extradição entre os dois países, colaborando com a Interpol no caso de Carla Zambelli.

Ele ainda propõe a revisão da legislação italiana para revogar a cidadania de pessoas condenadas por crimes graves como golpes, crimes contra a humanidade e incitação à subversão violenta da ordem do Estado.

Bonelli e Bolsonaro

Em janeiro de 2023, durante sessão na Câmara, Bonelli pediu ao governo italiano que não concedesse cidadania ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele destacou rumores de que Bolsonaro e seus filhos solicitaram a cidadania italiana, o que seria problemático para a república italiana diante dos processos judiciais em curso no Brasil.

Bonelli também mencionou os atos violentos em Brasília, em 8 de janeiro daquele ano, solicitando que o governo italiano se posicionasse claramente contra conceder cidadania a Bolsonaro e seus familiares, denominados golpistas por ele.

O que Zambelli fez?

Em maio, a deputada Carla Zambelli foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF a uma pena de 10 anos de prisão devido ao seu envolvimento em invasões ao sistema eletrônico do CNJ. Ela teve o passaporte retido em 2023, mas o documento foi devolvido posteriormente, sem restrições para sair do país.

A condenação abarca falsidade ideológica e invasão ao sistema do CNJ. Como medida da Corte, a deputada perdeu o mandato na Câmara e tornou-se inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

Durante o julgamento, o relator, Alexandre de Moraes, apontou que o hacker Walter Delgatti, sob ordens de Zambelli, inseriu ao menos 16 documentos falsos no sistema. Uma das evidências foi um arquivo acessado pela deputada segundos após sua criação no computador de Delgatti.