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Deputados pedem explicações pelo sumiço de estudante trans

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Deputada federal Erika Hilton e o deputado estadual Guilherme Cortez, ambos do PSol, usaram as redes sociais para exigir esclarecimentos sobre o desaparecimento da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos. Carmen foi vista pela última vez em 12 de junho, ao deixar o campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Ilha Solteira, São Paulo.

A principal suspeita é que o namorado da jovem, o universitário Marcos Yuri Amorim, tenha tirado sua vida após ela ter pressionado para que assumissem o namoro. Marcos Yuri foi preso na última quinta-feira (10/7), junto com o policial militar ambiental Roberto Carlos Oliveira, que também é suspeito de envolvimento no crime.

De acordo com o delegado Miguel Rocha, responsável pelo caso, o universitário e o policial ambiental mantinham um relacionamento amoroso.

Mobilização por Justiça

Em uma publicação na rede social X, na segunda-feira (14/7), Erika Hilton manifestou: “A vida de uma mulher trans foi ceifada porque um homem temia que soubessem que ele a amava. Ele escolheu ser preso por assassinato”.

A deputada acrescentou que o histórico e os sonhos de Carmen foram interrompidos pela incapacidade de alguém aceitar as existências trans, resultando em transfobia e objetificação dos corpos. Ela ressaltou que sua equipe está em contato com as amigas da jovem e com a polícia, permanecendo disponível para auxiliar a família e amigos.

Guilherme Cortez, também na rede X, destacou que, caso confirmado o motivo do crime, será mais uma vida interrompida pela transfobia e ódio. Ele enfatizou a luta por justiça e respostas, afirmando que as vidas trans não são descartáveis.

Dossiê e Investigação

As investigações revelaram que Carmen havia organizado um dossiê apontando crimes cometidos pelo namorado na região, como roubos e furtos, usando essas informações para pressioná-lo a assumir o relacionamento.

O delegado explicou que testemunhas e evidências indicam que Marcos Yuri se recusava a assumir o namoro, o que teria motivado o crime.

Na investigação, o sigilo do celular da vítima foi quebrado, indicando que ela nunca saiu de Ilha Solteira após o desaparecimento. O último local onde esteve registrado foi na casa do namorado, em um assentamento local chamado Estrela da Ilha.

No dia 11 de julho, a polícia realizou buscas na residência para tentar encontrar o corpo de Carmen, com apoio da Guarda Municipal, Canil da Polícia Militar e uso de drones devido à extensão da área de busca. Além disso, foram realizadas perícias para identificar vestígios que possam esclarecer o ocorrido.

A suspeita é que o corpo tenha sido lançado em um rio próximo, levando à convocação da Marinha do Brasil e possível auxílio de mergulhadores para buscas visuais nas margens e rios da região.

Luto e Solidariedade

A família divulgou uma nota no Instagram expressando sua dor e a busca incessante por respostas desde o desaparecimento. Eles descreveram Carmen como uma mulher amada, estudiosa, alegre e cheia de sonhos, que usava a arte para se expressar.

O comunicado também destacou a importância da sensibilidade do caso por envolver uma mulher trans e negra, e criticou a lentidão da Justiça brasileira, especialmente em casos sem materialidade clara e que envolvem pessoas LGBTQIAP+.

O sentimento da família é de que o luto só será possível com a resposta definitiva sobre o paradeiro de Carmen.

Por sua vez, a Unesp manifestou pesar pela possibilidade de feminicídio e solidariedade à família, afirmando o compromisso com a diversidade e a dignidade humana, e repudiando toda forma de violência.

A instituição não se pronunciou sobre o destino acadêmico do estudante Marcos Yuri, que também está matriculado no curso de zootecnia.

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