Deputados questionam uso do avião militar dos EUA que pousou no Brasil

Deputados federais Talíria Petrone (Psol-RJ) e Túlio Gadêlha (Rede-PE) apresentaram um pedido formal para obter informações sobre a aeronave militar americana que aterrissou no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, na noite de terça-feira. Os parlamentares enviaram solicitações aos ministérios da Defesa, Portos e Aeroportos, e Relações Exteriores para esclarecer o propósito exato da missão.

Uma reportagem do Globo revelou que o Boeing 757 C-32B — conhecido como “Gatekeeper” — não tem identificação visível e é utilizado para transportar militares especializados e agentes de inteligência.

No pedido, os deputados solicitam detalhes sobre os passageiros e número de pessoas a bordo. Questionam se os ministérios foram informados previamente sobre a chegada da aeronave ao país e buscam entender os tipos de vistos concedidos, considerando o caráter oficial e confidencial da operação. Apesar do perfil militar, o Globo apurou que o avião estava transportando funcionários do consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre.

Talíria e Gadêlha também requisitam acesso a relatórios de inspeções que possam ter sido realizadas pela Receita Federal, Polícia Federal e Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante as operações de pouso e decolagem. Até o momento, autoridades dos dois países não confirmaram oficialmente o motivo da presença do avião.

“Dado o histórico dessa aeronave em missões de inteligência e o princípio da soberania nacional, que medidas o Ministério das Relações Exteriores adotou para monitorar as ações dos ocupantes do voo e assegurar que não houve violação das leis brasileiras?”, questionam os deputados.

Contexto da missão

A missão teve início em Nova Jersey no dia 18 de agosto, chegando a Porto Alegre às 17h13 após escalas em Tampa (Flórida) e San Juan (Porto Rico). Às 19h52, o avião decolou de Porto Alegre com destino a São Paulo, após desembarque dos passageiros, pousando no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

De acordo com o portal Aeroin, o C-32B é uma versão modificada do Boeing 757-200, reconhecido pela fuselagem branca sem inscrições. Diferente do C-32A, usado para transportar autoridades da Casa Branca, este modelo é operado pelo 150º Esquadrão de Operações Especiais da Força Aérea dos EUA.

A aeronave chama atenção por sua fuselagem branca sem marcas. Possui sistemas avançados de comunicação e sensores sofisticados, além de capacidade para reabastecimento em voo e autonomia para missões de longa duração. Essas características garantem mobilidade e discrição em operações sensíveis. Ela é utilizada para transportar equipes táticas do Departamento de Estado, incluindo diplomatas, militares especializados e agentes de inteligência.