Conecte Conosco

Notícias Recentes

Derrite muda projeto Antifacção diariamente, enfrenta críticas e problemas

Publicado

em

O deputado Guilherme Derrite (PP-SP), relator do projeto de lei Antifacção, tem enfrentado diversos obstáculos e mudanças constantes no texto desde sua nomeação como responsável pelo parecer da iniciativa governamental.

Após apresentar a quarta versão em apenas seis dias, o projeto está previsto para ser analisado na próxima terça-feira (18).

Desde que foi escolhido como relator na última sexta-feira, Derrite atualizou o texto quase todos os dias, excetuando o fim de semana. O documento mais recente ainda gera controvérsias e críticas.

O parlamentar, que temporariamente se licenciou do cargo de secretário de segurança do governo de São Paulo sob gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), assumiu a relatoria por uma demanda do seu partido, o PP.

A nomeação do relator desagradou o governo, que não o incluiu em uma reunião entre o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Na quarta-feira, Derrite se reuniu com representantes de diversos partidos buscando um consenso para a votação da proposta. Ele dialogou com deputados do Republicanos, PSD, PP e União Brasil, além de governadores e outros parlamentares tanto da base governista quanto da oposição.

Mesmo aliados políticos próximos a Derrite, que é bolsonarista, expressaram que o texto ainda não está pronto para votação. Entre eles, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), que solicitaram adiamento da análise alegando que aprovar um projeto que pode ser paralisado no Senado ou declarado inconstitucional não é vantajoso.

Durante um encontro com deputados do PSD, o relator recebeu críticas sobre a proposta comprometer o financiamento da Polícia Federal (PF). Parlamentares como Laura Carneiro (PSD-RJ) e Aluísio Mendes (Republicanos-MA), policial federal que acompanhou as reuniões, pediram ajustes para garantir que a verba da PF não seja afetada.

Derrite também conversou com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos de Almeida Neto, e com o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).

O governo indicou diversas modificações necessárias no texto, incluindo aspectos que envolvem a PF, prazos para o perdimento de bens e a sobreposição de legislações. O relator considerou as sugestões e apresentou a quarta versão, porém o governo avaliou que nenhuma das propostas foi plenamente atendida.

Líderes próximos a Hugo Motta reconhecem as dificuldades para chegar a um acordo, mas evitam críticas diretas a Derrite.

“É importante destacar a dedicação e lealdade do secretário-executivo do Ministério da Justiça, que tem atuado como defensor e interlocutor desse tema, apoiando tanto o relator quanto todos os partidos para que o texto seja preservado em sua essência e aprimorado para atender às expectativas do povo brasileiro”, afirmou Isnaldo.

Em um momento de tensão, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), e Hugo Motta tiveram uma discussão acalorada numa reunião de líderes, com críticas voltadas ao relatório de Derrite, que foi defendido energicamente por Motta.

Com relação à Polícia Federal, houve três tentativas de ajustes para obter um acordo com a corporação, sem sucesso até o momento.

No início da semana, Derrite e Motta conversaram por telefone com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Após a ligação, eles anunciaram que mudanças seriam feitas para garantir um acordo, o que não se concretizou, pois ainda havia preocupações quanto à possibilidade de a PF perder seu papel de liderança frente às forças estaduais.

Na terceira versão, o relator alterou cláusulas que davam subordinação às forças estaduais, mas introduziu incertezas na destinação de verbas para a Polícia Federal. A quarta versão tentou corrigir isso, mas o governo indicou a necessidade de citar fundos adicionais no projeto.

O acordo inicial, do qual Motta foi um dos articuladores, previa equiparar as penas para as facções criminosas às penas para terrorismo, para agradar oposição e o governo, já que o texto não rotulava formalmente as facções como terroristas.

Contudo, o projeto foi alvo de múltiplas críticas, e apoiadores do governo iniciaram uma campanha nas redes sociais contra Motta e Derrite, alegando risco de intervenção estrangeira devido a mudanças na lei antiterrorismo.

Durante a semana, Derrite desistiu de modificar a lei antiterrorismo, mas a oposição ameaça retomar o tema por meio de destaques, que permitem a votação de partes específicas do projeto no plenário.

Em evento com governadores, o relator expressou sua frustração com o que chamou de “conflito político”. Ele apresenta as mudanças como parte de uma estratégia, evitando chamá-las de retrocessos.

“Não podemos permitir que conflitos políticos impeçam o enfrentamento dos problemas causados pelo domínio do crime organizado na vida da população”, concluiu Derrite.

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados