Economia
Desafios na produção e venda de veículos fecham o ano abaixo do esperado
Em 2025, a indústria automobilística nacional enfrentou diversos obstáculos, como o aumento das taxas de juros, a escassez de chips e eventos climáticos adversos, como um temporal que atingiu uma unidade da Toyota em São Paulo. Como resultado, as vendas e a produção ficaram aquém das previsões revisadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
De janeiro a novembro, as vendas chegaram a 2,4 milhões de unidades, um crescimento modesto de 1,4% em relação ao ano anterior, enquanto a Anfavea esperava um crescimento de 5% para o ano todo.
Igor Calvet, presidente da Anfavea, declarou em coletiva que alcançar a meta seria improvável, pois os emplacamentos em dezembro teriam que superar em 38% os números de novembro, o que ele considera difícil, já que os emplacamentos, embora positivos, estão desacelerando.
Em novembro, as vendas caíram 5,9% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, totalizando 238,6 mil unidades.
O segmento de caminhões é um dos mais afetados. Foram quatro meses consecutivos de queda na produção de caminhões, acumulando um recuo de 9,3% no ano, bem acima da previsão de 3,1%.
Com juros próximos de 28% ao ano, a atividade econômica desacelera, impactando principalmente a venda de caminhões pesados, que representam 45% do setor e registram uma queda acumulada de 20% em vendas. Caminhões semileves, embora representem apenas 5% do mercado, também apresentam uma queda de 24,5% nos emplacamentos.
Calvet ressaltou que os altos juros são o principal obstáculo para o mercado de caminhões e que é fundamental que as autoridades adotem uma visão estratégica para o setor.
A frota brasileira de caminhões atingiu cerca de 2,1 milhões de veículos, com idade média de 13 anos, bem acima da média europeia de 10 anos. No Brasil, são vendidos aproximadamente 122 mil caminhões por ano, contra 250 a 350 mil na Europa.
A Anfavea defende que o governo implemente medidas que incentivem a renovação da frota e ofereçam melhores condições de crédito para fomentar o setor.
A expectativa é que a taxa Selic, atualmente 15%, comece a cair a partir de março, com os efeitos positivos sendo sentidos entre seis e nove meses depois.
Quanto à produção, em novembro foram fabricadas 219,1 mil unidades, 8,2% a menos do que no mesmo mês de 2024. De janeiro a novembro, a produção alcançou 2,45 milhões de unidades, crescimento de 4,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, porém abaixo da expectativa anual de 2,749 milhões.
Calvet atribuiu os desafios do ano a fatores geopolíticos que afetaram o fornecimento de componentes, além das condições climáticas que interromperam a produção periodicamente. Além disso, o ano eleitoral de 2026 adiciona incertezas ao mercado.
Apesar das dificuldades, as exportações se destacaram, atenuando a queda na produção e vendas internas. Em novembro, foram exportadas 35,7 mil unidades, uma redução de 13,4% em relação a novembro de 2024.
Entretanto, de janeiro a novembro, as exportações somaram 510,1 mil veículos, aumentando 37,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
A Anfavea projeta um crescimento de 38,4% nas exportações para 2025, totalizando 551 mil unidades, impulsionado pela recuperação do mercado argentino e a reativação das vendas para a Colômbia.


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