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Descaso e abandono: túmulos esquecidos nos cemitérios do Distrito Federal

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Cerca de 200 mil túmulos, de um total de 560 mil distribuídos pelo Distrito Federal, encontram-se em estado de abandono.

Conforme informações da Campo da Esperança, empresa responsável pela administração, manutenção e gestão de seis cemitérios públicos, as razões para o abandono são diversas, e a maioria das lápides não possui contratos individuais de manutenção.

O Metrópoles visitou o cemitério da Asa Sul para observar e registrar as áreas mais deterioradas.

Logo na chegada, foi possível notar várias sepulturas bastante danificadas, cobertas por lodo, com cruzes quebradas, buracos, sem tampas e tomadas por plantas e grama.

A Campo da Esperança afirmou que seus funcionários realizam rondas diárias para evitar possíveis acidentes.

A empresa esclarece que, por serem consideradas propriedades privadas, não possui autorização para realizar manutenções gratuitas nos jazigos, exceto em situações que apresentem risco de acidentes.

A organização pretende, em parceria com o Governo do Distrito Federal (GDF), estabelecer um contrato para viabilizar o recadastramento das sepulturas, a realocação dos restos mortais abandonados no ossuário de cada unidade e a revitalização das áreas afetadas.

Desde 2002, com o modelo de concessão pública, foram adotados novos tipos de túmulos, conhecidos como “cemitério-parque”, que apresentam monumentos mais simples, com lápides de mármore branco contendo a identificação da pessoa, e grama ao redor. Esses modelos são mais fáceis de conservar, e o serviço de manutenção é contínuo.

De acordo com a empresa, cerca de 80% das propriedades não possuem contrato vigente para manutenção individual, o que é opcional.

Conflito com Jardineiros Autônomos

Uma disputa judicial que dura mais de vinte anos ocorre entre a Campo da Esperança e a Organização Social de Jardineiros de Cemitérios do DF (Osjacem), que representa jardineiros autônomos que cuidavam dos jazigos desde 1985.

Antes da atuação da Campo da Esperança, familiares ou responsáveis contratavam diretamente esses jardineiros para cuidar dos túmulos, por meio de acordos informais.

Com a chegada da concessão pública em 2002, a empresa tentou negociar com os jardineiros autônomos, mas não houve consenso até hoje.

Ao longo desses 22 anos, ocorreram confrontos judiciais, debates públicos e acusações mútuas. Em julho de 2024, a 1ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) decidiu que os jardineiros da Osjacem não podem realizar serviços de jardinagem nos cemitérios.

No entanto, ainda é comum encontrar esses jardineiros trabalhando nos locais, uma vez que alguns familiares preferem seus serviços.

Acusações Entre as Partes

A Osjacem alega que a manutenção oferecida pela Campo da Esperança é insuficiente e insatisfatória, ressaltando que a empresa possui um número reduzido de funcionários. De acordo com a organização, cerca de 350 jardineiros autônomos trabalham divididos entre cinco dos seis cemitérios do Distrito Federal, sendo aproximadamente 200 na Asa Sul, 40 em Taguatinga, 40 no Gama, 20 em Planaltina e 20 em Sobradinho.

Por outro lado, a Campo da Esperança afirma que os jardineiros autônomos recusam acordos formais de contratação e ainda atrapalham os trabalhos de manutenção intencionalmente. A empresa declara que, por não serem fiscalizados nem terem obrigações legais com o Estado, esses jardineiros deixam entulho espalhado, quebram tampas de jazigos cujos clientes estão com pagamentos em atraso, abordam visitantes de modo inadequado e oferecem produtos fora dos padrões legais.

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