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Descoberta genética pode abrir a “caixa preta” da esquizofrenia
Estudo que identifica gene ligado à doença nos jovens, publicado na ‘Nature’, é saudado como um marco para a pesquisa de novos tratamentos
Cientistas americanos descobriram que o risco de esquizofrenia nos jovens está ligado a um determinado gene do sistema imunológico que controla o processo conhecido como “poda sináptica”, a redução de células de conexão cerebral que não são mais necessárias ao corpo. Publicada na última quarta-feira (27) no periódico Nature, o estudo foi recebido como um importante marco no desenvolvimento de métodos para o diagnóstico precoce da doença e novos tratamentos.
Realizada por neurocientistas e geneticistas de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology(MIT), a pesquisa analisou 29.000 casos de esquizofrenia, 36.000 pessoas sem a doença e 700 cérebros de pacientes que morreram em decorrência da esquizofrenia. Eles colheram informações de cerca de 22 países do globo e identificaram, durante a pesquisa, o papel decisivo do gene C4 (ou componente complementar 4).
Localizado no cromossomo 6, o gene C4 sinaliza quais sinapses – conexões cerebrais que transmitem dados de um neurônio a outro – devem ser eliminadas durante o processo normal de “poda sináptica”. O que os pesquisadores perceberam foi que, em pacientes com esquizofrenia, uma única variação do C4 na sequência do DNA pode levar à eliminação de células que deveriam continuar em funcionamento, resultando em perda de massa cinzenta. “O gene está marcando sinapses demais, e elas estão sendo devoradas” explicou Beth Stevens, neurocientista do Children’s Hospital and Broad e co-autora da pesquisa.
“Pela primeira vez a origem da esquizofrenia não é mais uma completa ‘caixa preta’. Estudos recentes sobre o mecanismo biológico do câncer têm levado a muitos novos tratamentos”, disse Eric Lander, diretor do Board Institute, instituto do MIT que liderou as pesquisas. A esquizofrenia, que tem como principal sintoma a psicose, afeta mais de 25 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O estudo publicado na Nature não indica que a cura da doença esteja próxima – seus mecanismos patogênicos ainda intrigam médicos e cientistas -, mas traz informações importantes para outras pesquisas nos campos da neurociência e genética.
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