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Descobertas da Nasa indicam possíveis sinais de vida antiga em Marte

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O rover Perseverance da Nasa encontrou rochas em um antigo leito de rio seco que podem conter evidências de vida microscópica que existiu há muito tempo em Marte, anunciaram os cientistas nesta quarta-feira, 10.

Eles ressaltaram que é crucial realizar uma análise detalhada das amostras colhidas pelo Perseverance – preferencialmente em laboratórios terrestres – antes de tirar quaisquer conclusões definitivas.

Embora os especialistas reconheçam que essa análise inicial não oferece uma resposta conclusiva, Nicky Fox, líder da missão científica da Nasa, afirmou que é “o avanço mais próximo que tivemos para descobrir vida antiga em Marte”.

Explorando o planeta vermelho desde 2021, o rover não detecta vida diretamente, nem atual nem passada. Ele está equipado com uma broca para perfurar as rochas e tubos para armazenar as amostras dos locais considerados ideais para a existência de vida bilhões de anos atrás. Essas amostras aguardam retorno à Terra – um plano ambicioso atualmente adiado enquanto a Nasa busca alternativas mais econômicas e rápidas para trazê-las de volta.

Dois cientistas independentes, Janice Bishop, do Instituto SETI, e Mario Parente, da Universidade de Massachusetts Amherst, descreveram a descoberta como empolgante, mas alertaram que processos não biológicos também podem explicar os achados.

“Isso mostra por que não podemos afirmar categoricamente que isso é uma prova definitiva de vida”, explicou o pesquisador principal Joel Hurowitz, da Universidade Stony Brook, à Associated Press. “Podemos dizer apenas que uma das hipóteses é que poderia ter sido vida microbiana, mas existem outras explicações para esse conjunto de características encontradas.”

Hurowitz acrescentou que este é o candidato mais convincente até agora para sinais potenciais de vida antiga detectados pelo rover. Esta foi a 25ª amostra coletada, totalizando agora 30. As descobertas foram publicadas na revista Nature.

“Seria incrível poder comprovar definitivamente que essas características foram formadas por organismos vivos em outro planeta há bilhões de anos”, comentou Hurowitz. Porém, mesmo que não seja esse o caso, essa descoberta oferece uma lição importante sobre as muitas formas pelas quais a natureza pode nos enganar.

Amostras foram coletadas no último verão marciano em rochas argilosas avermelhadas dentro de Neretva Vallis, um antigo canal de água que fluía para a cratera Jezero. Esse afloramento rochoso sedimentar, conhecido como formação Bright Angel, foi investigado pelos instrumentos do Perseverance antes da perfuração.

Além do carbono orgânico, elemento essencial para a vida, a equipe de Hurowitz identificou minúsculas partículas chamadas “sementes de papoula” e “manchas de leopardo,” enriquecidas com fosfato de ferro e sulfeto de ferro. Na Terra, esses compostos são subprodutos da decomposição orgânica por microrganismos.

“Não há sinais de micróbios vivos em Marte hoje, mas se eles existiram em seu passado, poderiam ter criado esses minerais sulfetos em um lago parecido com o da cratera Jezero”, explicaram Bishop e Parente em um editorial acompanhando o artigo.

A Nasa vem buscando há décadas ambientes aquáticos antigos em Marte que pudessem ter sustentado vida.

Quando lançado em 2020, o Perseverance tinha a expectativa que as amostras retornassem à Terra no início dos anos 2030. Essa previsão foi postergada para os anos 2040 devido ao aumento dos custos para cerca de US$ 11 bilhões, o que suspendeu os planos de recuperar as amostras.

Até que as amostras possam ser trazidas por missões robóticas ou astronautas, os cientistas dependem de material análogo e experimentos em laboratórios terrestres para investigar a possibilidade da existência de vida antiga em Marte, segundo Hurowitz.

Sean Duffy, administrador interino da Nasa, ressaltou que os orçamentos e prazos definirão as próximas etapas, inclusive considerando a possibilidade de enviar aparelhos sofisticados para analisar as amostras diretamente em Marte. “Todas as opções estão em aberto”, afirmou.

Dez tubos de titânio contendo amostras coletadas pelo Perseverance foram deixados na superfície marciana anos atrás como reserva, juntamente com o restante a bordo do rover. Isso faz parte de uma missão futura de retorno das amostras que ainda não tem data definida pela Nasa.

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