Desconfiança se mantém e governo paga cada vez mais para se financiar

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quarta-feira (22) que o governo vai fazer uma “intervenção” no preço dos alimentos. Horas depois, em entrevista à CNN Brasil, voltou atrás.

A primeira versão veio no programa da rádio oficial do governo, onde Costa afirmou que recebeu sugestões de redes de supermercados para baratear o preço dos alimentos e que vai articular uma resposta à alta da inflação do setor.

“Vamos fazer algumas reuniões com Ministério da Agricultura, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Fazenda para buscar conjunto de intervenções que sinalizem para o barateamento dos alimentos”, afirmou.

A iniciativa é uma resposta ao pedido feito por Lula no início da semana, quando o presidente afirmou aos ministros que o governo precisa garantir o controle do preço dos alimentos.

“Reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador, porque os alimentos estão caros na mesa do trabalhador”, disse o presidente.

A inflação acumulada de alimentos e bebidas nos últimos doze meses já ultrapassa os 7,69%. E cresce mais do que nos outros setores da economia. O IPCA do mesmo período foi de 4,83%.

À tarde, em entrevista à CNN Brasil, o ministro negou que o governo vá tentar controlar os preços à força.

“Pra não ter ruído de comunicação e para ninguém ficar derivando para outras imaginações, vamos substituir a palavra intervenção por medidas. O que o presidente Lula está coordenando é que possamos reunir com a sociedade e com os ministros e colher sugestões que podem contribuir , por exemplo, para a maior oferta de alimentos, principalmente focado naqueles que tivemos uma subida maior”, reavaliou o ministro.

A pressão inflacionária é o principal risco eleitoral para o governo Lula, que já se articula para disputa do ano que vem. O Banco Central já sinalizou que pretende aumentar mais a taxa de juros como tentativa de controlar a escalada dos preços. Tarefa que exigiria frear a atividade econômica justamente no ano da eleição presidencial.

O aumento na taxa de juros faz com que o governo pague um prêmio cada vez maior para financiar a dívida da União. E a falta de confiança do mercado financeiro na política fiscal de Lula agrava ainda mais o cenário.

Nesta quarta-feira, o Tesouro Nacional atingiu uma máxima histórica no valor pago para papéis com vencimento em quatro anos.

Na categoria IPCA+ 2029, o governo se comprometeu a pagar a inflação acumulada do período mais 7,9% do valor investido no Tesouro.