Deslizamento de terra mata mais de mil pessoas no oeste do Sudão

Mais de mil pessoas perderam a vida em um forte deslizamento de terra na região de Darfur, no oeste do Sudão, de acordo com um grupo rebelde que controla essa área, o qual informou que houve apenas um sobrevivente.

O desastre ocorreu no domingo, após dias seguidos de chuvas intensas, destruindo completamente a vila de Tarasin, situada na região montanhosa de Jebel Marra, conforme comunicado do Movimento de Libertação do Sudão (MLS), liderado por Abdulwahid al Nur.

De acordo com as primeiras avaliações, todos os habitantes da vila, estimados em mais de mil, foram vítimas fatais do deslizamento, restando somente um sobrevivente, segundo o MLS, que qualificou o evento como um desastre sem precedentes.

O grupo solicitou ajuda da ONU e outras entidades para apoiar nas operações de busca e resgate dos corpos soterrados sob a lama e destroços.

Abdulwahid al Nur declarou que a proporção do desastre ultrapassa suas capacidades locais, e que as equipes de ajuda e moradores estão se empenhando em recuperar os corpos, mas a dimensão do ocorrido excede os recursos disponíveis.

Imagens compartilhadas pelo MLS nas redes sociais mostram moradores posicionados sobre um grande fluxo de lama e pedras em um vale cercado de montanhas, assim como a vila completamente coberta por lama, com árvores derrubadas e construções destruídas.

O Sudão enfrenta uma violenta guerra civil há três anos entre o exército nacional e as forças paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), o que mergulhou o país em uma crise humanitária profunda, incluindo fome em várias áreas de Darfur. O MLS mantém distância dos combates, embora controle algumas regiões montanhosas.

O governador de Darfur, Minni Minnawi, que apoia o Exército, classificou o desastre como uma tragédia humanitária que ultrapassa os limites da região, apelando para que organizações internacionais prestem assistência urgente ao povo afetado.

Crise Humanitária e Conflito

Muitas áreas de Darfur ainda são inacessíveis para agências de ajuda internacional, inclusive a zona atingida pelo deslizamento, devido aos confrontos armados que dificultam a entrega de suprimentos humanitários.

A guerra civil no Sudão teve início em abril de 2023 após um conflito pelo comando entre o general do Exército, Abdel Fatah al Burhan, e o líder das FAR, seu antigo subordinado Mohamed Hamdan Daglo.

As forças do general Burhan recuperaram o controle sobre o centro do Sudão neste ano, enquanto as FAR mantêm domínio sobre grande parte de Darfur e áreas do sul de Kordofan.

O conflito resultou na morte de dezenas de milhares de pessoas e deslocamento de milhões, com intensificação recente de ataques na região norte de Darfur, causando centenas de mortes.

Atualmente, quase 10 milhões de sudaneses estão deslocados internamente, e aproximadamente quatro milhões buscaram refúgio em países vizinhos, conforme dados da ONU.