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Desvio de recursos pode ter chegado ao setor elétrico, aponta investigação
Documentos apreendidos na Operação Lava Jato indicam que o esquema de desvio de dinheiro não teria ocorrido somente na Petrobras, mas pode ter se estendido para outros setores.
De acordo com reportagem do jornal “O Globo”, a Polícia Federal encontrou uma planilha da Hidrelétrica de Jirau na mesa de João Procópio de Almeida Prado, apontado como o braço direito do doleiro Alberto Youssef. Segundo a PF, Youssef era o chefe do esquema de lavagem de dinheiro investigado pela Lava Jato, que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.
O documento, ao qual o Jornal Nacional também teve acesso, é o “demonstrativo de resultado”, com a contabilidade da empreiteira Camargo Corrêa. Jirau é a hidrelétrica construída no rio Madeira, em Rondônia. A Camargo Corrêa foi uma das sócias do consórcio que arrematou a concessão, mas já vendeu a participação dela. Entre sexta e sábado, três executivos da Camargo Corrêa foram presos, na sétima fase da Operação Lava Jato, que, no total, já levou 23 à prisão.
De acordo com a reportagem de “O Globo”, João Procópio de Almeida Prado seria o elo entre Youssef e a Camargo Corrêa. Em depoimento à Justiça, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que fez acordo de delação premiada e atualmente está em prisão domiciliar, já havia indicado a participação das empreiteiras investigadas pela Lava Jato em obras de outros setores, inclusive o elétrico.
A Camargo Corrêa declarou que desconhece a planilha citada na denúncia e que João Procópio e as empresas de Alberto Youssef “jamais” prestaram serviços para a construtora. A Energia Sustentavel do Brasil, empresa responsável pela usina de Jirau, informou que a Camargo Corrêa não é mais sócia do empreendimento.
A descoberta da planilha da Hidrelétrica de Jirau vai servir de base a investigações da Polícia Federal sobre a atuação do chamado “clube” de empreiteiras no setor elétrico. Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público, “clube” era como as empreiteiras que participavam do esquema se organizavam para distribuir contratos e obras entre elas, segundo as investigações da Lava Jato.
“Essas empresas, não só no âmbito da petrobras, mas no âmbito em modo geral nas grandes obras do país, quer seja ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos, o Brasil fica retrito a essas poucas empresas”, afirmou Costa.
Um levantamento da ONG Contas Abertas mostra que nove empreiteiras citadas no esquema investigado pela Lava Jato receberam quase R$ 11,4 bilhões do orçamento federal nos últimos 11 anos, por obras em diferentes áreas. A ONG também pesquisou o último balanço das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e constatou que as empreiteiras participam de dez projetos de geração de energia, entre os quais usinas hidrelétricas no Pará, Maranhão e Piauí. Os valores ainda não estão definidos.
Fonte: G1
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