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Deus, Trump e a bandeira errada
Por Edina Araújo – VG Notícias
Chegamos a um ponto de absurdo no Brasil que parece beirar a insanidade coletiva. Ver brasileiros ostentando uma bandeira gigante dos Estados Unidos na avenida Paulista em pleno 7 de Setembro e exaltando Donald Trump como ídolo, é algo que ultrapassa a esfera política. Não se trata de direita ou esquerda, PT ou PL — se trata de amor-próprio, de identidade nacional e de dignidade.
Donald Trump, enquanto presidente, jamais se preocupou com o povo brasileiro. Pelo contrário, promoveu sanções, dificultou relações comerciais e sempre colocou os interesses dos EUA acima de qualquer parceria justa. Idolatrar uma figura que representa justamente o contrário da soberania brasileira é um ato de submissão e ignorância. Pior ainda é ver pessoas que, provavelmente, jamais terão condições de conhecer os Estados Unidos ou de serem recebidas ali com respeito, carregando símbolos de um país que não as respeita.
Essa ostentação não nasce do acaso. É fruto de uma manipulação sistemática que mistura política, religião e discursos de ódio. Famílias inteiras utilizam o nome de Deus para manipular a fé e a boa-fé das pessoas. Infelizmente, muitos já estão tão persuadidos que perderam a capacidade crítica – se unindo a uma verdadeira legião de inocentes úteis, repetindo frases prontas e acreditando em narrativas que apenas servem para fortalecer projetos de poder.
O mais revoltante é perceber que, enquanto tudo isso acontece, é o povo brasileiro quem paga a conta. Um deputado federal se sustenta com dinheiro público apenas para atacar a imagem do Brasil e dos próprios brasileiros — e, para piorar, ainda recebe aplausos de quem deveria se indignar.
A pergunta que fica é: até quando? Até quando vamos aceitar que a síndrome de vira-lata continue guiando nosso comportamento coletivo? Até quando vamos nos envergonhar da nossa própria bandeira para carregar a de outro país?
A verdadeira independência começa no amor-próprio. Sem ele, continuaremos cegos, surdos e manipulados. O dia em que retirarmos as vendas dos olhos e abrirmos os ouvidos para a verdade será o dia em que deixaremos de ser massa de manobra. Até lá, restará apenas a tristeza de ver a insanidade tomando conta de um povo que insiste em esquecer quem realmente é.
*Edina Araújo, é jornalista e diretora do VGNOTICIAS e Fatos de Brasilia

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