Secretaria fez relatório e traçou estratégias; textos não foram divulgados. GDF quer acompanhar escalas e contratar, mas não deu prazo nem custo.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, se reuniu nesta terça-feira (5) com 31 gestores da saúde para “pedir ajuda” para a resolução da crise enfrentada no setor. No encontro, a secretária-adjunta de Saúde, Eliene Ancelmo Berg, apresentou um relatório inicial feito com base em visitas aos hospitais e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), nos últimos sete dias.
Temos uma carência de mais de mil profissionais em relação aos últimos anos, pessoas que se aposentaram ou tiveram contratos temporários encerrados. Os problemas são crônicos há muitos anos, não só no DF, mas em todo o Brasil”
Rodrigo Rollemberg,
governador do Distrito Federal
O documento não foi divulgado na íntegra, mas Rollemberg adiantou à imprensa que os problemas identificados são graves e ultrapassam as dificuldades de gestão. “Temos uma carência de mais de mil profissionais em relação aos últimos anos, pessoas que se aposentaram ou tiveram contratos temporários encerrados. Os problemas são crônicos há muitos anos, não só no DF, mas em todo o Brasil”, disse.
O governador voltou a citar as dificuldades orçamentárias do ano anterior e as dificuldades de contratação – o GDF estourou o limite máximo de gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. “Há um problema de subfinanciamento, tivemos problemas graves no ano passado. Neste ano, estamos mais ajustados”, declarou.
Rollemberg se disse preocupado com a dificuldade de atendimento, “especialmente em urgência e emergência” e citou medidas para contornar a crise. O anúncio inclui a contratação de novos médicos, enfermeiros e técnicos para suprir o déficit e a criação de redes de acolhimento de urgências. Os investimento e os prazos dessas medidas não foram detalhados.
Secretária em exercício nesta terça, Eliene Berg disse considerar que a fase do “caos” na saúde já passou. A palavra foi usada pelo próprio governador Rollemberg e por gestores anteriores, durante o ano passado, para se referir ao quadro de desabastecimento de insumos e profissionais no setor.
“Nós ainda temos muitas dificuldades, mas eu acho que a fase do caos já foi superada. AInda existem muitas coisas a serem feitas e alcançadas, o importante é que a gente não desista de fazer um trabalho sério, seguro e bem planejado”, disse.
Monitoramento
Além da secretária-adjunta, diretores de hospitais e membros do grupo de trabalho criado para “vistoriar” as unidades participaram do encontro. O grupo visitou os 13 hospitais com prontos-socorros da rede pública e as seis UPAs em horários considerados críticos, entre os dias 28 de dezembro e 4 de janeiro. A ação deve ser adotada de modo permanente.
Durante as visitas, a secretaria diz que o grupo teve autonomia para resolver “problemas menores”, como ajustes nas escalas médicas e remanejamento dos estoques de insumos hospitalares. A pasta reconhece que parte dessas atribuições já deveria estar sendo cumprida pelos gestores regionais e diz que vai trabalhar na “sensibilização” dos profissionais.
“Identificamos superlotação nos prontos-socorros, fechamento das portas e deficiências nas escalas que estão sem profissionais adequados, não só da área médica mas também de enfermagem”, enumera Eliane. Ela diz que o grupo de trabalho foi criado há três meses e já fez outros levantamentos – lista de equipamentos encaixotados na rede e de demandas reprimidas em cirurgias, por exemplo.
A gestora também diz reconhecer que os problemas listados já eram de conhecimento da pasta desde o início do ano passado. “Como o fim de ano é um período crítico, um feriado prolongado de quase duas semanas, a gente já sabia que teria esses problemas. Fizemos desde remoção de pacientes até realização de tomografias, remanejamento de medicamentos, tudo isso de imediato”, diz Eliane.
Além das ações imediatas, a pasta também diz ter elaborado novos planos de ação de curto, médio e longo prazo, que não foram detalhados nesta terça. “Para vocês terem uma ideia, em curto prazo, faremos desde a qualificação de equipes de acolhimento nos prontos-socorros, da classificação de risco. Há unidades em que não tínhamos pessoal qualificado, treinado para essa classificação”, afirma.
Escalas médicas
Um dos principais problemas ao longo de 2015 também deve receber atenção especial em 2016: o descumprimento das escalas médicas. Segundo o GDF, o monitoramento das folhas de ponto e das horas de trabalho será frequente. Em entrevista após a reunião, Eliane adotou um tom diplomático em relação ao tema.
“O objetivo não é punir, mas sensibilizar da importância do trabalho de cada um, e do quanto isso vai impactar no resultado. A sensibilização é a coisa mais importante a ser feita nesse momento. Todo servidor tem a obrigação de cumprir seu papel, mas não adianta sermos enfáticos e incisivos. O importante é fazer um trabalho que dê condições de eles trabalharem”, diz a secretária.
O ex-secretário de Saúde João Batista de Sousa ao lado da secretária-adjunta, Eliene Berg, do governador Rollemberg e do titular da pasta, Fábio Gondim, durante transição em julho (Foto: Raquel Morais/G1)
Empossado em julho na chefia da Saúde, Fábio Gondim está de férias desde a virada do ano. Segundo a pasta, ele deve retornar a Brasília até o fim da semana. Na posse, há seis meses, ele afirmou que 90% dos problemas de saúde do DF poderiam ser resolvidos com gestão.
“A meta da Saúde, em 2016, é melhorar a qualidade de atendimento ao usuário do sistema. Temos as dificuldades econômicas, que são as maiores, mas estamos procurando lançar mão de medidas simples e de custo zero, como essa ação [do grupo de trabalho]”, declarou Eliane nesta terça.
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