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DF registra casos de superbactéria em três hospitais e uma UPA
Ao todo, 35 pacientes apresentaram micro-organismo ao longo deste ano.
Secretaria de Saúde recebe técnicos da Anvisa nesta sexta-feira.
A Secretaria de Saúde já registrou contaminação por superbactérias em quatro unidades de desde o início do ano: hospitais regionais de Taguatinga, Guaráx e Santa Maria, além da UPA de Sobradinho. Ao todo, 35 pessoas apresentaram micro-organismos do tipo. Representantes da Secretaria de Saúde e técnicos da Anvisa se reúnem nesta sexta-feira (5) para avaliar as ocorrências.
A última ocorrência é de uma mulher de 83 anos. Infectada com a bactéria multirresistente KPC, ela foi transferida da UPA para o Hospital Regional de Sobradinho nesta quinta. Segundo o filho, João Francisco Martins, a idosa foi internada há duas semanas com quadro de pneumonia e contraiu a nova infecção no hospital.
Ele afirma que o antibiótico que a mãe estava tomando para combater a pneumonia acabou durante o tratamento e foi substituído. A informação é confirmada por um receituário do próprio hospital, do último dia 29, que aponta mudança nos remédios após cinco dias de internação. Em nota enviada à TV Globo, a Secretaria de Saúde confirmou a contaminação por KPC e disse que a paciente não precisa de tratamento intensivo.
O subsecretário de Atenção à Saúde, José Tadeu Palmieri, afirmou que vai reforçar medidas de prevenção nos hospitais, como lavar as mãos e usar uniformes adequados. Imagens feitas por um leitor mostraram que, por falta de aventais, servidores usaram sacos de lixo verdes para atender pacientes no Hospital Regional de Santa Maria – uma das unidades com casos de superbactérias.
A secretaria prevê para segunda o anúncio de uma política de controle e prevenção a resistência de bactérias.
Hospitais em alerta
Desde o último dia 28, vieram à tona infecções por bactérias multirresistentes – conhecidas popularmente como “superbactérias” – em unidades de saúde do DF. Nesta quarta, a Secretaria de Saúde informou que 16 pacientes estavam isolados no Hospital Regional de Santa Maria com a bactéria multirresistente Acinetobacter baumannii.
Eles estão em leitos de UTI e de clínica médica e, segundo o hospital, alguns foram isolados ainda em janeiro. Em dois deles, a bactéria já causou infecção. Os outros 14 estão apenas “colonizados”, ou seja, não têm sintomas relacionados à presença do micro-organismo.
O Acinetobacter baumannii superresistente também atacou pacientes no Hospital Regional do Guará no último fim de semana. Até esta quinta, dois pacientes seguiam isolados por causa da infecção. Segundo a pasta, eles reagiam bem ao tratamento e tinham previsão de alta “em breve”.
Em Taguatinga, as alas vermelha e amarela do pronto-socorro foram interditadas entre os dias 28 de maio e 2 de junho, após a identificação de um foco de enterococo multirresistente na área. No total, 25 pacientes foram isolados com quadros de contaminação ou colonização pela bactéria.
Em três dias, 4 dos 25 pacientes morreram na unidade, mas a secretaria afirma que não é possível estabelecer relação entre as mortes e as bactérias. Nesta quinta, quatro pacientes seguiam internados em isolamento.
Resistência
“Superbactéria” é um termo que vale não só para um organismo, mas para bactérias que desenvolvem resistência a grande parte dos antibióticos. Enzimas passam a ser produzidas pelas bactérias devido a mutações genéticas ao longo do tempo, que tornam grupos de bactérias comuns como a Klebsiella e a Escherichia, resistentes a muitos medicamentos.
Outro mecanismo para desenvolvimento de superbactérias é a transmissão por plasmídeos – fragmentos do DNA que podem ser passados de bactéria a bactéria, mesmo entre espécies diferentes. Uma Klebsiella pode passar a uma Pseudomonas, e esta pode passar a uma terceira. Se o gene estiver incorporado no plasmídeo, ele pode passar de uma bactéria a outra sem a necessidade de reprodução.
No território nacional circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase). Entre os remédios ineficazes estão as carbapenemas, uma das principais opções no combate aos organismos unicelulares. Remédios como as polimixinas e tigeciclinas ainda são eficientes contra esses organismos, mas são usados somente em casos de emergência, como infecções hospitalares.
KPC
Em outubro do ano passado, a Secretaria de Saúde isolou a UTI neonatal do Hospital Materno Infantil depois que exames feitos em três bebês apontaram a presença da superbactéria KPC. De acordo com a pasta, o diagnóstico não significava que eles desenvolveriam infecção, mas a medida havia sido adotada para evitar uma eventual propagação do micro-organismo.
Em 2010, casos notificados de pessoas infectadas pela KPC levaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a instituir normas de combate à bactéria. Entre as medidas anunciadas estava a instalação de dispensadores de álcool em gel em todos os ambientes de atendimento nos hospitais e clínicas públicas e particulares.
Em 2009, de 1º de janeiro até o dia 15 de outubro, 18 pacientes morreram por conta da KPC no DF. No mesmo período, foram registradas 183 pessoas portadoras da bactéria, das quais 46 tiveram infecção. A Secretaria de Saúde não informou o número total de casos desde então.
A KPC já foi identificada em Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina. Ela faz parte da flora intestinal das pessoas e pode ser transmitida por meio do contato. As complicações costumam ocorrer somente em casos de pacientes com baixa imunidade, como os que estão com câncer em estágio avançado ou passaram por transplantes.
Fonte:g1
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