Economia
Dificuldades na fase final do acordo UE-Mercosul com resistência da França
A assinatura do tratado comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, prevista para o próximo sábado (20) no Brasil, está incerta após a França solicitar que a votação dos países europeus, planejada para esta semana em Bruxelas, seja adiada.
Paris declarou no domingo que o acordo atual não atende às necessidades de proteção dos agricultores franceses.
Emmanuel Macron, presidente da França, requisitou à presidente da Comissão Europeia o adiamento da análise do tratado, que estaria programada para os próximos dias, informaram fontes oficiais francesas.
Essa questão inaugura uma semana que promete ser bastante tumultuada em Bruxelas, onde até 10.000 manifestantes do setor agrícola europeu planejam protestar na quinta-feira, durante a reunião europeia de líderes de Estado e governo.
A oposição dos agricultores da UE ao acordo livre de comércio com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai se baseia no fato de o pacto favorecer as exportações europeias de automóveis, máquinas, vinhos e outras bebidas alcoólicas, ao passo que facilitaria a entrada na Europa de produtos sul-americanos como carne, açúcar, arroz, mel e soja.
Por sua vez, a Comissão Europeia mantém sua posição, com sua porta-voz Paula Pinha afirmando que esperam que as condições para a assinatura no próximo fim de semana sejam atendidas.
Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, planeja formalizar o tratado durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu, Brasil, no sábado.
Uma fonte da Comissão destacou a importância histórica do acordo, que levou mais de 25 anos para ser negociado, dizendo que “é agora ou nunca”.
Resistência e desafios
O pedido francês para postergar o acordo até 2026 enfrenta oposição de outros países membros.
Um diplomata europeu anônimo advertiu que a falta de consenso nesta semana pode ocasionar uma crise séria na Europa, representando um fracasso para a Comissão, Alemanha e Espanha.
Países como Alemanha, Espanha e nações escandinavas apoiam firmemente o acordo, visando estimular suas exportações diante da concorrência da China e dos Estados Unidos.
A França, contudo, enfrentará dificuldades para impedir a aprovação, que requer apenas uma maioria qualificada no Conselho Europeu.
Antes da decisão final dos 27 estados-membros, o Parlamento Europeu votará nesta terça-feira sobre medidas que visam proteger os agricultores, tentando conquistar o apoio francês.
Essas medidas incluem um acompanhamento rigoroso de produtos sensíveis como carne bovina, aves, arroz, mel, ovos, alho, etanol e açúcar, com intervenções para evitar distúrbios no mercado.
Embora os governos europeus tenham aprovado essas salvaguardas, o Parlamento pode reforçar ainda mais as proteções.
Mesmo que Von der Leyen assine o acordo no sábado, ele ainda deve ser votado no Parlamento Europeu no início de 2026 para a aprovação definitiva.
Fontes internas esperam uma votação apertada, influenciada por interesses nacionais.
Espera-se que todos os deputados franceses e a maioria dos poloneses votem contra o tratado, assim como a esquerda radical e a extrema direita, totalizando cerca de 300 opositores de um total de 720 membros do Parlamento Europeu.

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