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Dilma começará segundo mandato com o enfraquecimento da Petrobras
Daqui a três semanas, a presidente Dilma Rousseff (PT) inaugura a próxima gestão sem ter conseguido se livrar de um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil. A lama que ainda mina da Petrobras atravanca o tão propagado “governo novo, ideias novas”. A presidente, que pretendia aproveitar o início do mandato para tentar emplacar as reformas prometidas e colocar novamente o Brasil no trilho do crescimento, recebe das próprias mãos uma herança maldita. Leva para o novo mandato o derretimento contínuo da maior empresa brasileira, as implicações criminais de companheiros de partido e o desgaste político decorrente das denúncias sem-fim de desvios bilionários.
Para piorar o início da nova gestão petista, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai autorizar, no começo do ano, a abertura de inquéritos contra as dezenas de políticos, grande maioria da base aliada, envolvidos no esquema criminoso entranhado na petroleira. Os nomes de ministros, senadores, ex-governadores e deputados foram delatados pelo doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, considerados os líderes da organização criminosa.
O professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Calmon prevê um início de governo complicado. Ele avalia que a presidente perde “a janela de oportunidade” que se abre no início de todas as gestões. “Normalmente, há um espaço para os reeleitos, uma janela de oportunidade no início do governo, para novas iniciativas num período de mais boa vontade e disposição. É uma janela que se abre para mudanças importantes, para se fazer ajustes.”
Calmon alerta que o esquema criminoso descoberto na estatal fecha esta oportunidade. “O escândalo da Petrobras afeta este momento e torna bem mais difícil que se aproveite este início de governo, com uma nova equipe no ministério, um novo Congresso, para fazer as mudanças planejadas.”
Governistas ouvidos em reserva pelo Correio afirmaram de maneira unânime que o início da nova gestão será apenas para “enxugar gelo”. Um senador petista declarou, reservadamente, que não há como a presidente tocar as reformas com um escândalo desta dimensão em seu quintal. Para ele, não existe clima político para isso. Há o temor de que a carga de denúncias contra o tesoureiro do PT, João Vaccari, possa aumentar e jogar o Planalto no centro do escândalo. Vaccari foi acusado pelos delatores de ser “o homem do PT” responsável pela arrecadação dos recursos desviados na petrolífera para irrigar os cofres do partido e, consequentemente, campanhas políticas. Ele esteve à frente da contabilidade da campanha vitoriosa da petista.
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