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Dinamarca cria fundo para vítimas de contracepção forçada na Groenlândia

Dois dias antes do pedido formal de desculpas ser feito às vítimas da campanha de contracepção forçada imposta pela Dinamarca na Groenlândia, Copenhague anunciou nesta segunda-feira (22) a criação de um fundo de reconciliação para indenizar as mulheres afetadas.
A primeira-ministra Mette Frederiksen viajará para Nuuk, a capital do território autônomo dinamarquês, nesta semana para participar de uma cerimônia na qual o governo apresentará suas desculpas oficialmente, algo que Frederiksen já havia manifestado no final de agosto.
Durante essa visita, a líder também abordará a constituição do fundo de reconciliação com o primeiro-ministro da Groenlândia, destinado a oferecer compensação financeira individual às mulheres groenlandesas afetadas, conforme informado pela premiê em comunicado.
Entre as décadas de 1960 e 1992, as autoridades dinamarquesas obrigaram aproximadamente 4.500 mulheres inuítes, quase metade em idade fértil, a usar dispositivos intrauterinos de contracepção (DIUs) sem seu consentimento.
Essa ação tinha como propósito diminuir a taxa de natalidade da população inuíte.
Como consequência, muitas mulheres ficaram estéreis e quase todas enfrentaram problemas físicos ou transtornos psicológicos.
O fundo, cujo valor ainda não foi divulgado, poderá também ser destinado para indenizar outros groenlandeses que sofreram discriminação relacionada às suas origens, segundo comunicado oficial.
Frederiksen afirmou: “Não podemos mudar o passado, mas podemos assumir nossa responsabilidade. Assim, em nome da Dinamarca, peço desculpas”.
Ao redor de 150 vítimas moveram processos contra o Estado dinamarquês por violação de seus direitos, buscando indenização.
Esse escândalo faz parte dos vários temas delicados que afetam as relações entre o governo dinamarquês e o território autônomo, incluindo casos de adoções e separação forçada de crianças inuítes de suas famílias.
A Groenlândia, localizada no Ártico, foi colônia da Dinamarca até 1953 e em 1979 adquiriu status de jurisdição autônoma.

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