Economia
Diretor da Fiepe alerta sobre queda do mercado de gesso no Araripe
A terceira edição do seminário Conexões Transnordestina – A Ferrovia que Transformará Pernambuco reuniu nesta sexta-feira (15), no Centro Tecnológico do Araripe em Araripina, diversos líderes empresariais, autoridades e especialistas. O evento, promovido pelo Movimento Econômico em parceria com a Sudene, abordou os impactos econômicos e logísticos do futuro ramal ferroviário Salgueiro–Suape e discutiu as necessidades dos setores produtivos da região, incluindo a criação de um porto seco no Araripe e o transporte de gás liquefeito via ferrovia.
Durante a reunião, Fábio Monteiro, empresário do setor gesseiro e diretor regional da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), destacou a diminuição da participação do polo do Araripe no mercado nacional de gesso. Ele explicou que atualmente a região responde por menos de 60% do consumo no país, enfrentando concorrência crescente da produção no Maranhão, especialmente em Grajaú.
Monteiro apontou como causas principais da queda de competitividade fatores como a logística deficiente, concorrência estrangeira e alta carga tributária. Ele ressaltou que o Brasil importa cerca de 600 mil toneladas de gipsita, com destaque para o material proveniente da Espanha, que chega ao país a um custo que deixa o mercado local preocupado.
“A gipsita importada chega ao Brasil por aproximadamente US$ 180 a tonelada, com custo adicional de frete interno por volta de R$ 600, enquanto o preço do minério nacional varia entre R$ 50 e R$ 70. Essa situação é preocupante, e a ferrovia deve contribuir significativamente para fortalecer a produção local”, afirmou ele.
Fábio Monteiro também frisou a escassez de lenha legalizada necessária para os fornos de calcinação, o que obriga as indústrias a buscar fornecedores distantes ou alternativos informais, o que traz desafios ambientais e legais.
Outro aspecto abordado foi a necessidade de acelerar o fornecimento de gás natural ao polo gesseiro. Ele informou que o insumo está em fase de testes, mas ainda não há volume suficiente para atender a demanda, atualmente limitada a um forno em comparação aos cinco existentes, mas com potencial para consumo de cerca de 150 mil metros cúbicos por dia.
Para Monteiro, a ferrovia Transnordestina será fundamental para diminuir custos logísticos e expandir mercados, sendo importante que o trajeto ultrapasse o trecho Salgueiro–Suape para conectar outras regiões produtoras e consumidoras. Ele também defendeu a atualização das pesquisas sobre o consumo de gesso no Brasil para apoiar políticas públicas e estratégias do setor.

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