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‘Discordo’, diz Levy sobre comentário de que é ‘difícil’ trabalhar com Dilma

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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou desfazer, nesta segunda-feira (30), o mal-estar criado por uma declaração sua dada na semana passada. Segundo ele, foi um “mal-entendido” a interpretação de uma fala sua durante uma palestra em inglês, publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo” como uma crítica à “pessoa” da presidente Dilma Rousseff.

O ministro também fez questão de ressaltar que “não há nenhuma desafinação” com a presidente, reafirmando que ela “tem genuíno interesse em endireitar” as coisas no Brasil.

Em encontro com empresários em São Paulo, Levy respondia a perguntas da plateia e interrompeu o presidente do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), João Doria Jr, que mediava o encontro, quando este último comentou que “é duro ser ministro de um governo como o da dona Dilma”.

“Não é verdade. Discrepo, discrepo, tá certo. Discrepo” (sinônimo de discordar, divergir), disse o ministro.

Declaração
Na última sexta, falando a ex-alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago (EUA), onde estudou, Levy disse, de acordo com o jornal “Folha de S. Paulo”, que a presidente Dilma Rousseff nem sempre faz as coisas da maneira mais fácil e efetiva, embora tenha um desejo genuíno de acertar. De acordo com o jornal, a fala do ministro foi uma crítica à “pessoa” da presidente.

“Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes não da maneira mais fácil, mas… Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno”, disse o ministro na palestra (“I think that there is a genuine desire by the president to get things right, sometimes not the easiest way, but… Not the most effective way, but there is this genuine desire”, em inglês).

Já na noite de sábado (28), o ministro emitiu uma “manifestação pessoal” na qual “lamentou” a interpretação dada pelo jornal à declaração.

Durante encontro com empresários nesta segunda, Levy falou novamente em “mal-entendido” e afirmou que a frase foi tirada do contexto, provocando o que ele chamou de “grande banzé” (controversa, rolo).

Segundo ele, a fala foi uma “observação, que é quase um truísmo, de que na vida real, muitas vezes, se trabalha sobre pressões, e nem tudo acontece do jeito que a gente desejaria, do jeito ideal, do jeito mais perfeito e que as coisas são, portanto, difíceis”.

Afinidade
No evento desta segunda, Levy admitiu que conversou sobre o assunto com Dilma, mas destacou manter com a presidente uma “enorme afinidade”.

“Não há nenhuma desafinação. Há uma afinidade”, disse, em entrevista a jornalistas. “Houve um pouco de mal-entendido, mas a confiança mútua acho que é muito sólida”, completou.

Segundo o ministro, o mais importante no momento é trabalhar em conjunto pela aprovação das medidas de ajuste fiscal no Congresso.

“A presidente está trabalhando para as coisas se endireitarem no Brasil”, afirmou. Levy ressalvou, no entanto, que diante das pressões do regime democrático, “a gente nem sempre consegue tudo que deseja”.

“Todo mundo tem que trabalhar junto para alcançar esses objetivos de uma economia aberta, competitiva, em que as empresas sejam livres, em que haja mais concorrência para a gente poder crescer”, disse.

Dilma defende Levy
Nesta segunda, a própria presidente Dilma Rousseff minimizou a questão e afirmou “ter clareza” de que Levy foi “mal interpretado”.

“Em política, vocês sabem que às vezes eu não posso seguir um caminho curto porque eu tenho de ter o apoio de todos aqueles que me cercam. Então, tem a questão de construir consensos. Eu acho que é nesse sentido que ele falou e não tem por que criar maiores complicações por isso. Ele já explicou isso exaustivamente. Ele ficou bastante triste com isso e me explicou”, afirmou Dilma.

Desonerações
No mês passado, Dilma classificou como “infeliz” uma declaração de Levy sobre a politica de desonerações do governo. Na ocasião, o ministro anunciava uma redução das desonerações e afirmou que “essa brincadeira” não deu resultados e custou “extremamente caro”.

No dia seguinte, em visita ao Uruguai, questionada sobre a declaração do ministro, a presidente afirmou: “Acredito que a desoneração da folha foi importantíssima – e continua sendo. Se ela não fosse importante, nós tínhamos eliminado e simplesmente abandonado. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo.”

Fonte: G1

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