Discurso de soberania supera críticas a Lula por tarifa de Trump nas redes

A reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma nova tarifa de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil gerou um grande engajamento nas redes sociais que superou as críticas dirigidas ao presidente.

De acordo com um levantamento da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, conteúdos sobre o tema da soberania nacional chegaram a mais de 240 milhões de visualizações e 9,1 milhões de curtidas no X (antigo Twitter) até a manhã desta quinta-feira, 10. Entre os assuntos mais comentados no Trending Topics Brasil, Trump lidera com 36,5 milhões de citações, seguido pela hashtag “RESPEITA O BRASIL”, que teve cerca de 1,99 milhão de menções. A hashtag é especialmente usada por simpatizantes do governo, que apoiam a fala de Lula sobre soberania nacional e reciprocidade econômica.

Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, destaca que “o volume de menções é muito maior do que em dias normais, indicando que a decisão de Trump mobilizou um sentimento nacionalista nas redes sociais, majoritariamente em defesa do Brasil e, consequentemente, do governo brasileiro”. No X, frases de apoio ao Brasil foram muito mais mencionadas do que críticas ao governo.

Uma análise amostral de 1,5 milhão de publicações em português, feitas entre quarta-feira, 9, e esta quinta, 10, até 10h30, revela que o pico de interações ocorreu às 20h de ontem, com mais de 270 mil menções. O presidente Lula é destaque entre os conteúdos mais compartilhados, juntamente com influenciadores digitais como @_doblues, Lázaro Rosa, Te Atualizei, e perfis políticos como PESQUISAS E ANÁLISES ELEIÇÕES da jornalista Patrícia Lélis, deputados Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Marcel van Hattem (Novo-RS), governador Tarcísio de Freitas (SP) e advogado Jeffrey Chiquini.

O termo “Eduardo Bolsonaro” aparece em terceiro lugar no ranking, com mais de 693 mil citações. A expressão “CHEGA DE DITADURA”, usada por críticos da gestão Lula, está em quarto lugar, com 973 mil menções, seguida por “BOLSONARO PRESO”, “Lula”, “Traidor” e “Agro”. Outros temas ligados à nova tarifa americana também estão entre os 20 assuntos mais discutidos, como “Estadão”, “Estados Unidos”, “CUSTO BOLSONARO”, “China” e “Bolsonaros”.

Entre os lemas usados na mobilização digital, apoiadores do Planalto fortaleceram expressões como “BRASIL SOBERANO”, “TRAIDORES DA PÁTRIA”, “ESTAMOS COM LULA” e “O BRASIL É DOS BRASILEIROS”. Em contrapartida, opositores do governo promoveram hashtags como “Obrigado Trump”, “#ImpeachmentDoLulaJá” e “CULPA DO LULA”.

No Facebook, o maior volume de publicações ocorreu por volta das 19h de quarta-feira (9), segundo uma amostra de 9,7 mil postagens em português. As páginas com mais engajamento foram Jovem Pan News, Tarcísio de Freitas, Bia Kicis (PL-DF), GloboNews, RedeTV!, CNN Brasil, Mídia Ninja, News Atual, UOL Notícias e Hugo Gloss.

No Instagram, uma amostra de 3,3 mil publicações em português registrou o pico de atividade às 20h, no mesmo horário do X. O presidente Lula lidera entre as publicações mais curtidas, com cerca de 660 mil interações e 103 mil comentários. Também se destacaram posts do governador Tarcísio de Freitas, perfis como Mídia Ninja, Alfinetei, e políticos como Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), Deltan Dallagnol (Novo-PR) e Mario Frias (PL-MG).

No Google Trends, a preocupação com a economia apareceu com destaque: a busca por “dólar hoje” foi a mais acessada no Brasil nas últimas 24 horas (até 10h45), ultrapassando 500 mil pesquisas, com pico por volta das 10h20 de hoje.

Tarcísio de Freitas criticou diretamente Lula na noite anterior na plataforma X. Segundo ele, “Lula priorizou suas crenças ideológicas em detrimento da economia, e este é o resultado. Haviam oportunidades para valorizar outras nações, evitaram negociações com países parceiros e agora enfrentam as consequências. Não adianta culpar terceiros ou o governo anterior. A responsabilidade está com quem está no comando atualmente. Narrativas não solucionam problemas reais“.