Disputa no Delivery: Polícia Investiga Espionagem à Keeta em Santos

A Polícia Civil de São Paulo iniciou uma investigação para apurar denúncias de espionagem envolvendo o sistema e dados da empresa chinesa Keeta, dentro do contexto da intensa competição no mercado de delivery no Brasil. A investigação está sob responsabilidade da 3ª Delegacia de Polícia de Santos, tendo início após a Keeta e, pelo menos, oito restaurantes parceiros registrarem boletins de ocorrência.

De acordo com as informações, um grupo de indivíduos teria visitado esses estabelecimentos, se passando por representantes da Keeta, tirando fotos, vídeos e solicitando acesso aos sistemas internos. “Essas pessoas conseguiram obter informações confidenciais sobre o sistema da Keeta, métricas e a plataforma de gerenciamento que normalmente não teriam direito de acessar”, relata o boletim de ocorrência.

As denúncias indicam que os falsos agentes requisitaram detalhes estratégicos da operação, como o volume de pedidos processados e entregues, dados financeiros (incluindo métodos de pagamento, remuneração dos entregadores, taxas de comissão e formatos contratuais), processos de integração e treinamento de restaurantes, além de cardápios, preferências dos consumidores e outras informações sensíveis.

O ataque coordenado teria acontecido poucos dias após o início das operações-piloto da Keeta em Santos, em 30 de outubro.

Recentemente, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) iniciou um acompanhamento do mercado de entrega de alimentos em algumas cidades brasileiras. O órgão solicitou a elaboração de um estudo ou parecer econômico visando fornecer uma base para monitorar as práticas comerciais em Goiânia, Rio de Janeiro, Santos (onde ocorreu o incidente envolvendo a Keeta), São Paulo e São Vicente.

Em 1º de novembro, o Cade deu início a um procedimento administrativo para supervisionar o segmento de delivery online de alimentos, buscando prevenir eventuais infrações contra a ordem econômica.

Conforme explica o Cade, esse processo de monitoramento não deve ser interpretado como uma investigação formal para aplicação de sanções, mas sim como um acompanhamento contínuo da estrutura, dinâmica e práticas dos setores econômicos em questão. Isso permite que o Cade tenha um diagnóstico mais preciso, reduzindo as desigualdades de informação entre o órgão antitruste e os agentes econômicos.

Essa atuação possibilita uma resposta mais rápida da autoridade e facilita a realização de estudos setoriais detalhados.